O fim de semana desfez o trio da frente.

O Sporting foi à Amoreira e não conseguiu vencer.

Num jogo muito disputado e quase sem oportunidades, a equipa de Leonardo Jardim não conseguiu bater o Estoril de Marco Silva, que demonstrou o porquê da posição que ocupa.

Jogo equilibrado e as equipas amarradas uma à outra. O Sporting vale pela organização, pelo colectivo, mas por vezes é preciso arte e engenho. Faltou às individualidades a inspiração para resolver.

Mas o que marcou o fim de semana foi o clássico.

Os 62508 espectadores presentes na Luz fizeram um grande ambiente. Houve emoção e sentimento. Foi bonita a homenagem a Eusébio e o pormenor do seu nome nas costas das camisolas dos jogadores do Benfica foi um grande gesto.

Nas quatro linhas assistimos a bom jogo. Intensidade, golos, vermelhos e amarelos e uma série de más decisões da equipa de arbitragem.

Clássico com muitos ingredientes, com o Benfica a ser melhor e a vencer com justiça.

Jesus de alguma forma causou surpresa no onze. Nos últimos tempos o meio campo tem funcionado a três, mas desta vez entregou a sua liderança aos habituais Matic e Enzo Perez. O jogo da equipa vale muito daquilo que eles renderem.

Sabendo que o Porto joga com três no meio campo, pode-se estranhar esta decisão de Jesus, ficando em inferioridade numérica na zona nevrálgica do campo. Mas arriscou consciente da sua ideia. Para isso, além dos dois jogadores referidos, Gaitan e Markovic foram determinantes para o sucesso da estratégia montada por Jesus.

Na luta do meio campo valeu e muito o posicionamento dos seus alas. Sempre com atenção aos colegas de sector e a defenderem o seu corredor bem como as zonas interiores, foram um apoio muito importante para Enzo e Matic. Obrigou a um esforço que habitualmente não são obrigados e estiveram irrepreensíveis no momento defensivo.

A partir dos 13 minutos, com o golo marcado, o Benfica passou a jogar como gosta e sabe fazer. Linhas juntas, a dar a iniciativa ao Porto e as suas transições ofensivas a funcionarem bem. Registo, entre outros, o lance anterior ao do segundo golo em que uma transição rápida colocou quatro jogadores do Benfica para três do Porto e acabou por valer Helton.

Individualmente, em termos ofensivos, destacou-se Markovic, que foi decisivo. As suas acelerações criaram sempre enormes dificuldades e o lance do golo é o melhor exemplo. Excelente a arrancada com uma rápida condução da bola, o passe a sair no momento certo, com conta peso e medida e a conclusão de primeira de Rodrigo, foi o melhor final para a jogada individual.

Oblak foi aposta. Jesus manteve o jovem de 21 anos e ele não se intimidou com o clássico. Sem ser sujeito a intervenções difíceis, apresentou-se bem e confiante no jogo. O que teve para fazer fez bem. Mostrou-se seguro e com boas decisões no momento de sair da baliza e isso ajudou também a ter a equipa com ele.

O Porto trazia a novidade Quaresma, mas Paulo Fonseca optou por sentá-lo ao seu lado e ficou à espera de ver o que o jogo ia dar. Mas também deixou Maicon no banco. Aí acabou por ser surpresa face aos últimos tempos. Otamendi foi titular e nos últimos jogos a opção tem sido por outra dupla, mas só PF pode justificar esta opção. A aposta não correu bem. Errou vários passes e revelou-se inseguro e a equipa que não está num momento de confiança por aí além, ressente-se.

Helton comprometeu com uma e outra falha e neste tipo de jogos por vezes os detalhes assumem enorme importância. O meio campo habitual não foi consistente. Sem criatividade também não foi capaz de travar as transições ofensivas do Benfica. Fernando foi o que mais se aproximou do seu rendimento normal, mas não teve a devida companhia de Lucho e Carlos Eduardo.

Houve mais posse de bola, mas sem oportunidades e isso é um mau sintoma.

E Quaresma foi lançado no jogo. Gostei de ver o seu regresso. Seguramente não está nas melhores condições mas o que fez é um bom sinal. Deu bons indicadores e a forma como sempre que recebeu a bola ia para cima do adversário, diz bem da confiança e da vontade de recuperar o tempo perdido. Veremos qual será o seu comportamento daqui para a frente mas a titularidade está próxima.

Mais uma vez vimos Jackson em dificuldades. Sozinho na luta com os centrais, destaca-se pela qualidade técnica e capacidade física mas a sua qualidade merece ser servido de outra forma. O regresso de Quaresma vem nesse sentido e pode ajudar.

Por último duas notas para reflexão.

O Porto à sexta jornada liderava a Liga e tinha cinco pontos sobre o Benfica. Hoje no fim da primeira volta está em terceiro lugar a um ponto do Sporting e a três do Benfica que está na frente da classificação. Isto diz bem do que tem sido os jogos e a qualidade exibicional da equipa. Paulo Fonseca referiu no final do clássico que «ainda falta muito e tenho uma confiança cega que na última jornada vamos ser campeões». São palavras fortes que têm de ter reflexo dentro do campo e obrigam a uma mudança no rendimento e comportamento da equipa.

Soares Dias acabou por ser figura central. Vários erros e más decisões. Jogo mau e a segunda parte não pode ser esquecida mas sim lembrada e perceber o que levou a tanto descontrolo. 

P.S. Temos o melhor jogador do mundo em 2013. Ronaldo ganhou a Bola de Ouro. Esta é a sexta presença para a eleição de melhor jogador, por força do elevado rendimento que tem apresentado. Este ano não foi excepção e os 69 golos marcados e mais uma vez o extraordinário rendimento faz com que seja o único português a ganhar duas Bolas de Ouro. Fantástico. Parabéns Ronaldo.