Ponto forte: bolas paradas ofensivas
Dos 79 golos marcados pelo PAOK até ao momento, 32 foram alcançados através de lances de bola parada, o que equivale a 40 por cento. São, por isso, lances bem aproveitados pela equipa grega, e com peso na vertente ofensiva. O PAOK nem tem muitos elementos de estatura imponente, mas aposta em cruzamentos tensos e desvios em antecipação à frente da muralha defensiva, seja em livres indiretos (nove golos) ou cantos (dezasseis golos!!). Lucas, Stoch e Lino cobram estes lances com muita qualidade.

Ponto fraco: falta de um «playmaker»
A equipa de Huub Steven denota algumas dificuldades na construção de jogo, sobretudo pela ausência de um «playmaker». Na zona central costumam jogar dois médios defensivos e depois um segundo avançado nas costas da referência ofensiva. Nenhum destes elementos mostra capacidade criativa, pelo que isso está muito dependente dos extremos. O PAOK comprou Martens e Natkho, que podiam colmatar esta lacuna, mas estão impedidos de jogar na Liga Europa.

Principal ameaça: Lucas Pérez
Depois de uma experiência mal sucedida no Dínamo Kiev, o médio ofensivo espanhol tem recuperado, no PAOK, o nível exibicional exibido no Karpaty. Um quarto dos golos da equipa tiveram participação direta sua, entre golos (sete) e assistências (doze, mais um lance em que provoca um autogolo). Muito perigoso a cobrar livres e cantos pela direita, com o pé esquerdo, mas capaz também de criar perigo em lances de bola corrida, tanto a procurar a zona central como a fugir pela linha.



Onze base e principais alternativas:



Glykos: começou a época na sombra do espanhol Jacobo, mas este foi colocado de parte após desentendimento com um elemento da equipa técnica, e riscado da lista europeia. Glykos assumiu o lugar e tem feito por afirmar-se em definitivo no clube, ao qual chegou em 2007.

Kitsiou: ala direito de forte vocação ofensiva. Sobe bastante e com qualidade, tanto aproveitando o espaço deixado pelas incursões do extremo em zonas mais interiores, como por vezes aparecendo ele por dentro. É competente no um contra um defensivo, mas o espaço que deixa quando sobe no terreno pode ser explorado.

Katsouranis: bem conhecido dos benfiquistas, agora joga mais frequentemente a central do que a médio defensivo. É importante na bola parada, com aquele típico movimento ao primeiro poste que já fazia de águia ao peito, seja para «pentear» a bola ou para desviá-la mesmo para a baliza. A sua qualidade técnica é importante na primeira fase de construção, sobretudo pelos passes longos, mas por vezes também arrisca de mais e perde a bola em zona proibida. Algo lento a reagir quando a bola é metida nas costas.

Miguel Vítor: em dúvida devido a lesão, tem mostrado na Grécia a regularidade que já apresentava no Benfica. Cinco golos já marcados, na sequência de lances de bola parada.

Lino: aos 36 anos o antigo jogador de Académica e FC Porto já não tem a velocidade de outros tempos, mas continua a ser muito importante na vertente ofensiva: é o segundo jogador com mais assistências do PAOK (dez).

Maduro: reforço de inverno, o holandês tanto pode jogar a central como a médio defensivo, mas tem sido utilizado sobretudo na zona intermédia. É um elemento robusto, à frente da defesa, mas que pouco acrescenta à construção de jogo. Mas tem aparecido bem na zona de finalização, já com três golos marcados em apenas dez jogos.

Kaçe: médio albanês de apenas 20 anos, tem aparecido como titular nos últimos jogos. Oferece maior qualidade na circulação de bola, mas falta-lhe alguma intensidade.

Stoch: tem andado afastado da equipa nos últimos tempos, depois de um episódio em que terá insultado o treinador, mas é a segunda maior figura da equipa, a seguir a Lucas. Tem sete golos e nove assistências.

Salpingidis: joga muitas vezes como segundo avançado, embora possa funcionar também como ponta de lança ou extremo direito. É um avançado combativo, mas que tira pouco proveito da utilização atrás de uma referência mais fixa na frente.

Athanasiadis: costuma ser ele a unidade mais adiantada, e embora não seja um ponta de lança muito robusto, apresenta qualidade na finalização, assumindo-se como o melhor marcador da equipa (treze golos).

Outras opções:
Durante a ausência de Miguel Vítor, tem sido Tzavellas a fazer dupla com Katsouranis, mas o PAOK contratou recentemente o argentino Insaurralde, que pode também ocupar o lugar (assim como Maduro). Tzavellas é também uma alternativa a Lino, para além de Skondras, que faz todos os lugares do quarteto defensivo. Lazar surge como alternativa à dupla de médios defensivos, ele que até começou a época como titular, ao lado de Tziolis (emprestado ao Kayserispor, de Domingos). Ninis, uma promessa ainda sem conseguir estabilizar o nível exibicional, pode jogar tanto nas alas como nas costas do ponta de lança, onde se «eclipsa» (ainda mais). Vukic é outro candidato a esse lugar, e merece elogios pelos oito golos (marcou os dois de livre direto da equipa) e duas assistências em apenas 814 minutos de utilização (que equivalem a nove jogos completos). Sekou Oliseh joga preferencialmente pela esquerda, e nos dois últimos jogos foi titular, na ausência de Stoch. O jovem Kouloris, de apenas 17 anos, tem feito os primeiros jogos nas últimas semanas (bisou na taça), e pode surgir como «arma secreta», em situação desfavorável.



Análise detalhada:

O duelo com o PAOK surge numa boa altura para o Benfica. É certo que a última derrota da equipa portuguesa foi na Grécia, com o Olympiakos, mas há três meses e meio, praticamente. O PAOK não atravessa um bom momento, e perdeu os quatro últimos compromissos fora de casa. No Toumba, no entanto, mantém um registo digno de respeito (perdeu os dois primeiros jogos da época, e depois disso só consentiu um empate).

Treinado por Huub Stevens, o PAOK joga normalmente em 4x2x3x1, ou 4x4x1x1. Sem um «playmaker», apresenta normalmente um segundo avançado nas costas da referência ofensiva, ou então um jogador (Ninis) mais habituado a partir dos flancos.

Como já foi referindo é uma formação que faz das bolas paradas o seu principal trunfo. De bola corrida revela muitas dificuldades na circulação de bola, precisamente por não ter um organizador de jogo.

Acaba, assim, por recorrer muitas vezes a um futebol mais direto, sobretudo através de Katsouranis, procurando os dois avançados (sobretudo Athanasiadis). O antigo jogador do Benfica é o elemento preferencial para dar início à construção dos ataques, mas a equipa sente dificuldades mais à frente, com médios defensivos que pouco pegam no jogo e sem alguém para criar desequilíbrios no passe.

Das alas vem o maior perigo, como também já referido, mas não apenas de bola parada. Lucas, Stoch, Kitsiou e Lino (ou mesmo Oliseh) são os elementos mais perigosos, seja pela capacidade de «drible» ou de cruzamento. Curiosamente, Lucas e Stoch têm andado algo afastados da titularidade, o que pode ser mais uma boa notícia para as cores portuguesas.

O PAOK defende habitualmente em 4x4x2, procurando «encaminhar» o adversário para uma saída pelos laterais. A última linha defensiva joga ligeiramente subida, na tentativa de formar um bloco coeso, mas depois revela fragilidade perante bolas nas costas. Não só pela reduzida velocidade de alguns elementos, começando por Katsouranis, mas também por alguma descordenação relativamente ao fora de jogo.

Embora junte muito as linhas, o PAOK não é muito agressivo defensivamente, pelo que o Benfica terá alguma liberdade para circular a bola. A instabilidade defensiva nota-se também em situações de cruzamento, tendo em conta a fragilidade de Katsouranis ou Katsiou no jogo áereo, mas também alguma falta de cobertura dos médios defensivos.