A Espanha apurou-se para as meias-finais no limite do sofrimento: aos 83 minutos, quando o mundo já imaginava mais um prolongamento. Fê-lo às custas de um golo do inevitável Villa, no fim de uma jogada tipicamente espanhola. Uma jogada do célebre tiqui-taca, ele que ainda sobrevive e faz sobreviver a Espanha.

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Começou em Iniesta, que tocou para Fabregas, recebeu e deu para Xavi, teve a bola devolvida e correu para a área, tocou para Pedro no momento certo e o extremo atirou à trave, na recarga David Villa marcou mesmo. Tiqui-taca-tiqui-taca-tiqui-taca até às meias-finais. Pelo meio abriram-se espaços e a Espanha respirou.

O golo foi, de resto, um bálsamo na noite de sofrimento espanhol, que foi ao inferno duas vezes: quando Valdés marcou um golo depois anulado e quando Cardozo sofreu um penalty que desperdiçou. Saiu do buraco em dois momentos de sorte e subiu ao paraíso com muita arte. Está nas meias-finais pela primeira vez.

Segue-se a Alemanha, agora.

Cardozo vai ao chão uma vez...

O jogo viveu muito de minutos, de resto. O minuto 83 decidiu o jogo, mas antes dele já tinha sido percorrido o mais emocionante. Aconteceu antes da hora de jogo, aos 58 minutos, quando Cardozo sofreu um penalty de Piqué que ele próprio desperdiçou. Na jogada seguinte Villa foi carregado em falta por Alcaraz.

Cardozo: «Ainda não acredito que falhei um penalty

O peso do sonho de um país caiu sobre os seus ombros nessa altura. E Cardozo caiu com ele. O avançado deitou-se ao chão e foi Valdés que tratou de o erguer. O sete dirigiu-se para a linha lateral e virou costas ao jogo. Xabi Alonso marcou o primeiro, mas o árbitro mandou repetir e o médio falhou o segundo.

Cardozo respirou fundo, levantou as mãos ao ar e correu como um louco para agradecer ao guarda-redes Justo Villar. Aquela defesa devolvia o Paraguai ao jogo, pensou-se. Devolveu sim, mas pouco. A partir daí a Espanha foi melhor, foi sempre melhor, aliás, e partiu para o melhor período que teve em todo o jogo.

... e Cardozo vai ao chão a segunda vez

Xavi ameaçou o golo em dois remates e David Villa não finalizou um cruzamento de Capdevilla por um triz. A entrada de Fabregas tinha empurrado ainda mais a selecção espanhola para a frente e foi uma questão de minutos até chegar o tal golo no final da jogada de tiqui-taca que lançou a Espanha para as meias-finais.

Antes de se soltar a festa, Casillas ainda voltou a ser protagonista pela segunda vez: o guarda-redes parou um remate de Santa Cruz e manteve a vantagem mínima. O Paraguai acabou nesse momento. Ele que tinha entrado muito pressionante em jogo, reduzindo a Espanha a uma sombra escura do que pode ser.

Herói Villa e o desespero de Cardozo (destaques)

Uma selecção desligada, lenta, sem imaginação e a falhar muitos passes. Numa jogada resolveu o jogo. E deitou outra vez Cardozo ao chão. O avançado acabou o jogo no relvado, foi levantado mas manteve-se inconsolável. Saiu do campo a chorar, aliás. Carrega a culpa da eliminação injustamente: foi dos melhores.