O canoísta Fernando Pimenta assumiu este domingo, à partida para Paris, que a possibilidade de vir a ser o único desportista português a conquistar três medalhas olímpicas é uma motivação suplementar à imensa motivação que já leva na bagagem.

«Como é obvio, também tenho essa noção. Acaba por ser um bichinho a puxar ainda um pouco mais por mim. Espero que as coisas corram pelo melhor, que não tenha nenhum azar como no Rio2016, em que, infelizmente, por fatores externos [algas no leme] poderia estar a lutar agora pela quarta medalha e não pela terceira. É ir passo a passo. Focado no que tenho de fazer», vincou.

À partida para a capital francesa, no aeroporto Francisco Sá Carneiro, o limiano, medalha de bronze em Tóquio2020, em K1 1.000 metros, e prata em Londres2012, em K2 1.000, juntamente com Emanuel Silva, garante estar «muito tranquilo», até pela preparação que fez para este desafio.

«Acho que estou numa das melhores formas de sempre, também trabalhei para isso. Custou-me bastante, mas isso é normal. Estamos muito bem preparados. É chegar a Paris, ver o tato com água e ganhar ainda mais confiança», reforçou o campeão do mundo em título.

A dias de completar 35 anos, a 13 de agosto, Pimenta é cerca de uma década mais velho do que vários dos seus principais rivais, mas o que para alguns pode ser um problema, para o português pode ser uma mais-valia.

«A experiência pode controlar nervosismos, ansiedades, a própria regata, pois vai haver atletas a quererem sair muito rápido para liderar a prova e outros que vão mais lentos para subir na parte final. Tenho de fazer a minha estratégia, a minha prova, focar-me apenas na minha tarefa», sublinhou, até porque vai ter de lutar contra dois canoístas húngaros, alemães e australianos, grandes potências internacionais da modalidade, além de todos os outros.

O canoísta tem sido alvo de muitas manifestações de apoio e carinho, algo que o deixa «feliz pelo reconhecimento do percurso até hoje», contudo também o deixa algo «preocupado».

«Caso não traga a medalha, e há sempre essa possibilidade, pois o nível competitivo é alto, qual será a reação das pessoas? Temos de ser bastante resilientes e estar focados para tentar fazer com que as coisas corram pelo melhor», disse.

Apesar de tudo, esse é um tema que não lhe toma muito tempo, uma vez que parte para Paris «supertranquilo, relaxado, bem-disposto, com alguma confiança, não demasiada».

«Responsabilidade era chegar a casa e não ter o que dar de comer aos meus filhos. O trabalho está feito. Quero conseguir dar o meu melhor e sair de consciência tranquila», concluiu.

Já o seu treinador de sempre, Hélio Lucas, garante que «a preparação está bem feita» e o seu pupilo está «numa das melhores etapas» da sua carreira, apontando como principal meta atingir a final em Paris2024, uma vez que «o nível competitivo está bastante elevado».

Pimenta, que vai competir em K1 1.000 metros, a partir de quarta-feira, vai ter a companhia nos Jogos Olímpicos dos igualmente campeões do mundo em K2 500 metros João Ribeiro e Messias Baptista, bem como Teresa Portela, em K1 500.