O percurso da tocha olímpica em Paris foi acompanhado por numerosas manifestações contra a falta de respeito pelos direitos humanos na China, em geral, e no Tibete, em particular, ao ponto da polícia ter decidido anular várias etapas do percurso e ter sido mesmo obrigada a apagar a chama «por motivos técnicos». Uma acção que costuma estar relacionada com desportivismo, solidariedade e paz, associados ao Jogos, acabou por ser, tal como já se tinha verificado em Londres, mais assobiada do que aplaudida.
Pauleta era um dos oitenta atletas que constavam no programa para transportar a tocha e, em declarações à Agência France Press, o avançado do Paris Saint-Germain, apesar de se manifestar «sensível aos direitos do Homem», explicou que prefere não misturar o acto simbólico com política. «Somos todos sensíveis aos direitos do Homem, eu próprio os defendo, mas não quero fazer disso (transporte da tocha) numa acção política», destacou. O antigo internacional diz que sabe que o Tibete passa por «uma situação difícil», mas prefere relacionar o acto simbólico apenas com o desporto.
As declarações de Pauleta foram produzidas antes do avançado transportar a tocha e ainda não foi possível apurar se de facto o chegou a fazer, uma vez que grande parte das etapas do percurso foram simplesmente anuladas, depois das dificuldades que a polícia sentiu em controlar as sucessivas manifestações. A tocha foi mesmo extinta, por volta das 13h30 locais, «por motivos técnicos», explicaram as autoridades locais. A última parte do percurso, entre a Assembleia Nacional e o Estádio Charléty, acabou por ser cumprida dentro de um pequeno autocarro rodeado de polícias.
A cerimónia teve início no topo da Torre Eifell, mas depois sentiu muitas dificuldades em progredir, com a polícia a não conseguir suster os muitos manifestantes pró-Tibete que tentaram apagar a chama. Uma hora depois de descer do ex-libris da capital parisiense, a tocha percorreu apenas dois dos 28 quilómetros que estavam previstos. A dada altura, a polícia viu-se mesmo obrigada a evacuar a tocha para um autocarro para a proteger dos numerosos manifestantes. Quando a segurança se afastou da Torre Eifell, três militantes dos Repórteres sem Fronteiras aproveitaram para escalar o monumento e algemarem-se com uma bandeira negra. Os bombeiros parisienses demoraram duas horas a retirar os manifestantes do local.
A tocha prosseguiu o seu caminho pelos Campos Elísios sempre ao som de assobios e palavras de ordem a favor da libertação do Tibete. Depois de muitas tentativas para interceptar a tocha, foi anulada a passagem pelo Hotel de Ville. Ao longo do percurso foram detidas oito pessoas, incluindo Mireille Ferri, vice-presidente do conselho regional d¿Ile-de-France, que se dirigia para Champ-de-Mars com um extintor, também para se manifestar à passagem da tocha.