Está a aproximar-se a hora da verdade para a Seleção. A menos de três semanas dos dois jogos do play-off com a Suécia, a pressão aumenta.

Paulo Bento, selecionador nacional, concedeu entrevista ao site da FIFA. E reconhece que a equipa portuguesa poderia ter feito melhor até agora, nomeadamente nos dois jogos com Israel e na primeira parte com a Irlanda do Norte em casa.

«Falharam algumas coisas essenciais. O nosso objetivo era conseguir a vaga para o Brasil, pela via direta. Não fizemos o suficiente para isso, mas agora podemos conquistá-la na repescagem. É o que vamos tentar. Falharam coisas essenciais. Jogar melhor em algumas partidas, principalmente nas duas contra Israel e no primeiro tempo contra a Irlanda do Norte em casa. Nesses casos, não mostrámos o nível de jogo que gostaríamos. E até quando jogámos bem nos faltou algo fundamental, que foi a eficácia. Diria que, embora não tenhamos atuado tão bem durante os 90 minutos, tivemos oportunidades para vencer os três jogos e não soubemos aproveitá-las», admitiu o selecionador.

Será que Portugal tem mais dificuldades com equipas mais fracas? Paulo Bento admite que o problema possa existir, mas contextualiza: «Em alguns momentos, sim. Não diria que sempre, mas é verdade. Isso tem ocorrido ao longo da nossa história, não é uma novidade. Em certos momentos, Portugal tem algumas dificuldades disputando jogos em que teoricamente é o grande favorito. Nesta campanha para o Brasil 2014, perdemos apenas uma partida, contra a Rússia, que era nossa adversária direta, mas realmente não conseguimos vencer seleções que eram inferiores. Isso tem a ver com questões emocionais, mas também técnicas e táticas. Não fomos suficientemente competentes para ganhar esses jogos. O emocional pesou nessas situações e em outras campanhas ao largo dos anos. Ainda não conseguimos superar esse problema.»

Para o seleccionador, o facto do Mundial se disputar no Brasil pode acarretar pressão extra para Portugal: «Entendo que haja uma expectativa maior por ser no Brasil, mas se fosse em outro país nosso objetivo seria exatamente o mesmo. A ambição não mudaria. Mas é um facto que existe muita expectativa externa de estar lá, por ser uma Copa no Brasil, onde as pessoas falam português.»

Paulo Bento reconhece a importância dos valores individuais, mas dá mais valor ao colectivo: «Os jogadores podem decidir uma ou outra partida, mas são as equipas que ganham os grandes torneios. Na minha opinião, não há outra forma de encarar as coisas. Admiro enormemente as equipes que contam com talentos individuais, é claro, mas a obrigação de um treinador é direcionar esse talento a serviço do coletivo. Colocar as melhores peças que você tem em prol de uma organização coletiva. Haverá momentos em que essas individualidades definirão um jogo ou outro, mas a Copa do Mundo, a Euro e as ligas nacionais no final são vencidas pelas melhores equipas.»