Rogério Gomes conhece Paulo Bento praticamente desde o berço. Ele que é brigantino, como a mãe do treinador do Sporting, e que se radicou cedo em Lisboa, como a mãe do treinador do Sporting. Acompanhou o sobrinho também quase sempre, até ele se fazer homem e ganhar independência. Fala dele com enorme ternura. Começa logo por puxar a conversa para as virtudes de Paulo Bento, aliás. «O carácter é todo transmontano», conta. «Todo herdado da mãe. É um vencedor, com forte personalidade».
Foi essa personalidade, de resto, que lhe permitiu vencer na vida, conta. «Quando era mais novo era fisicamente muito débil e foi por causa do carácter forte que tem que nunca desistiu. Lutou, trabalhou e conseguiu tudo o que sempre sonhou», revela. «Quando era pequeno era muito franzino». O que nunca o inibiu de fazer tudo o que os outros miúdos faziam. Na cidade ou na província. «Em criança é que ia muitas vezes a Bragança. Gostava muito daquilo. Ia com a mãe e por lá andava todo contente».
Os jogos no Castelo que se tornaram em petiscadas de presunto fumado
Tinha primos que tinham amigos que tinham amigos. Desde crianças que brincavam todos juntos. «A brincadeira dele era o futebol», conta o tio. «Andava sempre com a bola atrás dele. Sempre. Desde miudinho que a paixão dele sempre foi aquilo. Juntava-se com os primos e com os amigos dos primos e iam todos jogar para o campo ao pé do Castelo, no cimo da cidade. Grandes jogos que os miúdos faziam naquela espaço».
A idade não o afastou das raízes e ainda hoje mantém os velhos hábitos. «Foram pessoas que ele conheceu na altura e que ficaram amigos para toda a vida. Ainda hoje quando vai a Bragança quer estar com essa gente. Se ainda jogam à bola? Não, agora já não jogam à bola. Agora é mais umas almoçaradas e um bom presunto fumado de Bragança», sorri o tio.
O tempo não lhe cortou o hábito de ir a Bragança em Agosto. Quando era novo ia mais tempo, agora menos. «Às vezes ficava uma semana, às vezes duas semanas, às vezes mais. Dependia do tempo que a mãe podia ficar lá», conta Rogério Gomes. «Agora vai menos, por causa do futebol e das responsabilidades que tem. Fica uns dois ou três dias, geralmente em casa da minha irmã, tia dele, visita os familiares, visita os amigos e mata saudades. Às vezes aproveita para se encontrar com os primos que vivem fora, ou no Porto ou em Espanha». Até porque mantém uma ligação muito forte a Bragança: a avó, Bernardete Gomes. «Sim, ela já está velhota, tem 89, quase 90 anos. Agora já mal fala, mas ele gosta de visitá-la. É uma ligação que mantém à família e à terra».