Paulo Bento voltou à escola, nesta quinta-feira à Secundária da Portela, onde abordou, perante os alunos do curso tecnológico de Desporto, o modo como lidera uma equipa de futebol. Obviamente, o técnico fez-se valer da experiência no Sporting, para afirmar aos discentes que lidera «sempre com a verdade», que é isso que diz aos jogadores que, dessa forma «entendem melhor» as decisões tomadas. Entre as revelações, Paulo Bento confessou que, depois de assumir o cargo, não se relacionava com os antigos colegas «da mesma forma que antes».
O ex-treinador leonino foi questionado pelos alunos, respondeu a várias perguntas sobre a relação entre o técnico e os futebolistas, mas também sobre se alguma vez preparou a equipa em função do árbitro. «Não, a preparação visa duas coisas fundamentais: a nossa forma de jogar e o adversário, tudo o que lhe diz respeito, agora, o que pode haver é uma informação sobre as características que certo e determinado árbitro pode ter, sem com isso retirar agressividade ao jogador», disse Paulo Bento.
Ora, os jovens também quiseram saber como lidar com um jogador lesionado. «Primeiro tem de prevalecer a parte humana, depois a profissional, ou seja, o primeiro cuidado a ter é que o jogador regresse quando estiver em condições», afirmou o ex-treinador do Sporting, para acrescentar: «Já aconteceram lesões graves na minha carreira de treinador. Depois de uma operação, entrar em contacto com o jogador, quando possível. Ou seja, o futebolista sentir interesse e conforto do treinador, para se sentir incluído na equipa.»
A curiosidade espalhou-se ou mais velhos, aos professores, com um deles a perguntar a Bento se tinha uma estratégia de comunicação para os media. O técnico admitiu que sim e explicou: «Tenho uma estratégia com a comunicação e com o grupo que lidero: é dizer a verdade. Primeiro, digo-a àqueles que lidero, para depois estar à vontade para dizer a quem está fora do meu grupo de trabalho.»
Paulo Bento admitiu que a liderança é uma forma muito própria de se estar, «é muito de cada pessoa», como definiu. «Acredito que deve haver formação, mas só isso não chega. Pode aprender-se a liderar, há técnicas a aprender, mas há coisas que são nossas. Um dos primeiros princípios é a assumpção da responsabilidade», considerou.