Paulo César Caroço está no Brasil desde Julho do ano transato. Oito meses para reforçar a convicção da aposta num mercado emergente, um futebol preparado para receber mais treinadores e jogadores portugueses nos próximos anos, em vésperas do Mundial de 2014.

Edmilson Pimenta, antigo jogador de F.C. Porto e Sporting (entre outros), investiu o seu dinheiro numa equipa de futebol e quis importar métodos europeus. Paulo César, treinador com formação e conhecido do louro de Colatina, aceitou o convite.

O Maisfutebol contou a história, na passada semana, de três técnicos portugueses que encontraram o seu espaço no Amazonas. O timoneiro do Espirito Santo de Marilândia repete a mensagem.

«O Brasil tem mais de 400 clubes profissionais. Portugal tem 32». Simples.

Paulo César Caroço não tem nome no seu país. É o primeiro a admiti-lo. Passou por Alta de Lisboa e Oriental, por exemplo, com Carlos Manuel. Estagiou com Mourinho, Jesus e Paulo Bento. O currículo na formação de pouco vale num meio onde os nomes se repetem, numa espécie de vira o disco e toca o mesmo.

«O mercado aí está complicado. Eu o Edmilson temos amigos em comum e começámos a falar sobre o seu projeto de um clube de formação no Estado do Espírito Santo. Vim há oito meses e estou satisfeito», explica o português ao Maisfutebol.

Mudar de cidade por obrigação

Ponto de ordem. Nem tudo que reluz é ouro. O Brasil apresenta-se como uma saída para milhares de portugueses em crise mas tem os seus próprios problemas. No futebol, por exemplo. O clube de Edmilson chamava-se CTE Colatina e estava na localidade com o mesmo nome. Teve de mudar de cidade para encontrar apoios!

«É uma pena, queria ter a equipa na minha cidade, mas parece que santos da casa não fazem milagres. Felizmente, o perfeito de Marilândia é antigo jogador do clube e recebeu-nos. A mudança tem compensado», resume o ex-jogador de F.C. Porto e Sporting ao Maisfutebol.

Ou seja, o CTE Colatina passou a Espírito Santo Sociedade Esportiva. De Colatina para a Marilândia. Mudam-se os adeptos, conserva-se o projeto. O antigo jogador continua a apostar tudo no clube.

«Em Colatina tínhamos um complexo de treino de luxo, tudo por carolice do Edmilson, por assim dizer, que faz todos os investimentos. Chegou a uma altura em que nem treinar podíamos. Ele teve de vender tudo e mudámos para Marilândia», explica Paulo César.

O treinador português também está satisfeito com a mudança. «90 por cento da população de Marilândia é descendente de italianos. Ou seja, mistura-se italianos com brasileiros e temos adeptos natos de futebol. No próximo jogo esperamos ter entre 1500 e 1800 adeptos nas bancadas, um número muito bom.»

Formar talentos no maior viveiro do Mundo

Edmilson Pimenta e Paulo César têm um objetivo comum. Formar talentos no maior viveiro do Mundo, levando-os para a Europa com métodos e hábitos já assimilados. «Contratei o Paulo César para isso, para incutir nos jogadores brasileiros os métodos europeus», explica o atual presidente do clube.

«Temos o Kaiser e Pedro Oliveira no Varzim e vamos ver onde colocamos o Gian. Não foi possível no Sporting e tinha agendado com o Bandeirinha um teste no F.C. Porto, se voltasse a equipa B. Não vai voltar? Se for assim, terei de encontrar outra solução», acrescenta Edmilson.

Paulo César agradeceu a aposta. «Não é qualquer um que pode vir para cá. Só com cursos da UEFA. No Brasil trabalha-se como se trabalhava há 20 anos em Portugal, em termos de preparação desportiva. Nesse aspeto, pode melhorar.»

«De resto, é a maior potência do Mundo em termos de qualidade técnica. Falta o resto. Viemos colocar em prática métodos que se usam aí para preparar melhor estes jogadores, até em termos de alimentação», resume o técnico português.