Mais um clássico e desta vez num dos grupos da Taça da Liga. Apesar de nada ter decidido, ficam algumas notas.

Houve pouco público (apenas 21.505 pessoas) para um jogo que colocava frente a frente o primeiro e segundo classificados da Liga. Golos não existiram e sem eles o espectáculo perde brilho. A ineficácia do Sporting e a valia de Fabiano foram determinantes.

Em relação às equipas, o Sporting apresentou-se confiante e personalizado. Continua o seu processo evolutivo, e bem, como equipa. As exibições e liderança na Liga estão a provocar efeito e o respeito demonstrado pelo adversário foi evidente.

O FC Porto apresentou-se contido e com uma estratégia cautelosa, segundo Paulo Fonseca. Sinal de respeito é certo, mas também fruto da fase insegura e intranquila que atravessa. Para reflectir, a incapacidade e a inoperância reveladas no momento ofensivo.

E os onzes? As principais estrelas ficaram de fora. Rui Patrício e Montero de um lado, Helton, Lucho e Jackson do outro.

Mas poucas alterações nas duas equipas. Sporting com Marcelo, Dier e Slimani. Jardim anunciou que faria uma alteração por sector, mas manteve o seu núcleo duro na zona central do meio campo. Fez bem. William, Adrien e André Martins estão entrosados, sabem os terrenos que pisam e colocam a equipa sempre no posicionamento correcto. A juntar, a capacidade para pressionar e levar a equipa atrás. Como consequência, os inúmeros cortes e recuperações de bola no seu meio campo ofensivo.

A equipa foi pressionante e acabou mais forte no jogo. Adrien foi o melhor dos três. A equipa vale pelo colectivo e mais uma vez isso ficou demonstrado.

As novidades não brilharam mas estiveram bem. Marcelo esteve seguro no pouco trabalho a que foi solicitado. Dier fez um jogo concentrado, em bom nível. Como para qualquer jovem, jogar é fundamental e ele está a aproveitar e a ganhar a consistência que só os jogos dão. Tem qualidade e a capacidade que tem para construir de trás é importante.

Slimani teve tarefa difícil, mas não se deixou envolver na marcação. Sem grandes oportunidades, foi sempre um apoio frontal para os colegas e procurou o espaço para as bolas longas.

Nota para o bom rendimento de Cedric. Forte nos duelos, seguro defensivamente, não deixou de ser um elemento surpresa na forma como subia pelo corredor.

Do lado do Porto, Paulo Fonseca não fez antevisão, mas também mexeu.

Na baliza e na frente, Fabiano e Ghilas tiveram a sua oportunidade.

Fabiano foi o garante da igualdade. Muito bem na baliza e na forma como parou vários remates adversários.

Ghilas lutou mas sozinho e sem a companhia devida. Acabou por se envolver na teia sportinguista.

E o jogador de quem se fala, Carlos Eduardo continua a sua integração. Não era este jogo que ia dar a resposta completa. Vai-se afirmando apesar do pouco espaço de que dispôs no clássico, mas teve pormenores que revelam qualidade.

No resto tudo igual e Paulo Fonseca a manter-se fiel ao seu 2+1 no meio campo, desta vez com Herrera a fazer companhia a Fernando.

No final as estrelas colombianas das duas equipas, que assistiram do banco, lá foram chamadas para uns minutos de clássico. Sem resultado prático.

E o pensamento dos treinadores?

Mantiveram-se fiéis às suas ideias no que diz respeito à estrutura e filosofia de jogo.

Até mesmo nas substituições, não houve rasgo. Troca por troca.

Melhor o Sporting e Leonardo Jardim saiu satisfeito, apesar do empate. Vê a equipa evoluir e a aproximar-se daquilo que pretende. Sabe da importância que é a equipa manter-se coesa, organizada e revelar que tem condições para este tipo de jogos. Provou que foi melhor, faltou materializar. A luta vai continuar.

O FC Porto, por força da estratégia e do momento que atravessa, não respondeu da melhor forma e Paulo Fonseca reconheceu isso. Valeu Fabiano e a necessidade de se reforçar, nomeadamente na frente, é evidente. Quaresma já está, veremos se chega mais alguém.

Como nota final, gostei de ver no relvado, no fim do jogo, as conversas e a boa disposição, entre os jogadores das duas equipas.