Estão encontrados os quatro semifinalistas da Champions. Acabaram por ser os esperados, face aos confrontos da primeira mão. De uma forma simples, em relação aos vencedores podemos dizer que o Real Madrid quer repetir o que fez o ano passado, o Atlético vai fazendo o seu caminho e já está na segunda meia-final consecutiva e na cabeça está o título que fugiu duas vezes, a Juventus confirmou que é candidato e o Mónaco de Jardim entusiasma e está na meia-final com mérito.

Aos que saíram derrotados uma palavra para todos eles, começando pelo Leicester que terminou o sonho mas fica uma uma história bonita para contar. Para o Borussia Dortmund, que tem um jogo que dá gosto ver mas que neste segundo jogo não foi capaz de estar ao melhor nivel, o Bayern de Munique, que sai com a sensação que tudo podia ser diferente se continuasse com 11 em campo e por último um dos fortes candidatos que morava em Barcelona e não demonstrou a qualidade que tem e que se impunha para levar de vencida o forte campeão italiano.

Mas vamos aos jogos. Começando pelo que se realizou no King Power Stadium, o Atletico de Madrid cumpriu o que se esperava. Sai ao fim dos 90 minutos com a segunda meia-final consecutiva mas ainda sofreu,  nomeadamente na segunda parte.

O golo aos 26m de Saul Niguez tornou tudo mais fácil mas a mudança operada por Craig Shakespeare ao intervalo mudou a tendência do jogo, com Ulloa na frente para o jogo direto e o jovem Chilwell na esquerda. O Atlético fechou linhas, defendeu baixo e o Leicester foi atrás do golo que surgiu aos 61 minutos pela sua estrela maior, Jamie Vardy. O empate fez sonhar o King Power Stadium e os seus adeptos  e o entusiasmo e a pressão aumentou mas o resultado não se alterou até final.

O actual campeão inglês despede-se da Champions com um registo de 3 derrotas em 10 jogos, com o dever cumprido e excedendo as expectativas. Fica a aventura e a história para recordar dos homens de Leicester, que tiveram uma vez mais o Atlético de Madrid pelo caminho.

Simeone continua a fazer um enorme trabalho e leva o seu Atlético à terceira meia-final em 4 anos e com certeza o pensamento está em Cardiff.

Em Madrid jogava-se um dos jogos grandes, que ficou marcado por diversas situações e foi o único que disputou um prolongamento.

O Bayern entrou com vontade, mostrou qualidade, pressionou, teve bola mas não marcou e o Real equilibrou a contenda a partir dos 20 minutos,  também sem marcar. O 0-0 ao intervalo não mostrava o que se tinha jogado.

A segunda parte teve golos e incerteza no resultado e o prolongamento chegou com o Bayern, já com 10 por expulsão de Vidal, a revelar fragilidades . O comboio do Real foi mais forte, com Ronaldo na dianteira.

Algumas notas individuais.

Ronaldo voltou a ser figura com o hat trick. Cinco golos ao Bayern nos quartos de final é apenas para os eleitos e o avançado português volta a fazer história.

Marcelo foi dos melhores e, apesar de defender mal, destacou-se pela profundidade pelo corredor, pela dinâmica que deu ao jogo da equipa e pela capacidade para desequilibrar em alguns momentos do jogo.

Robben foi um perigo à solta com a bola colada ao pé, encarando o adversário nos característicos movimentos interiores.

Xabi Alonso diria que sabe quase tudo do jogo e acredito que possa estar ali um grande treinador no futuro (veremos o que vai fazer). Apesar de não ter sido um jogo muito feliz para ele, falhou varios passes e perdeu bolas que não é normal, foi o seu último jogo na Liga dos Campeões e a forma como foi ovacionado quando saiu aos 76m foi o reconhecimento de um dos melhores médios da sua geração.

O outro adeus da Liga dos Campeões é de Philipe Lahm, que vamos deixar de ver com a braçadeira no braço e a camisola do Bayern. O pequeno grande jogador foi dos melhores e vamos sentir falta destes dois jogadores nas noite europeias.

No principado do Mónaco, o Borussia Dortmund entrou no Stade Louis II com a esperança de estar presente na meia-final. A equipa de Jardim queria ser ela a protagonista e o início do jogo não deixou margem para duvidas. O jovem Mbapé marcou aos 3 minutos e Falcão aos 16 e podíamos dizer que a eliminatória estava decidida.

Tuchel teve de mexer e lançou Dembele aos 26 minutos, para mim uma surpresa não estar no onze. Houve melhorias e o jovem francês fez renascer a esperança com uma jogada brilhante aos 48m, onde assistiu para golo o regressado Reus. Mas esta equipa de Jardim aguentou e matou o jogo com Germain, que entrou aos 81m e na primeira vez que tocou na bola marcou.

O Mónaco está com mérito e com um enorme trabalho de Leonardo Jardim na meia-final da Champions. O treinador português trabalhou muito bem esta equipa maioritamente jovem,  pontuada com a experiência de um jogador em cada sector. O polaco Glik na defesa, Moutinho no meio campo e Falcão na frente.

O resto são jovens com muita qualidade, a começar por Bernardo Silva, e a capacidade física de todos eles impressiona, desde Mendy e Touré nas laterais que estão sempre a dar solução, de Bakayoko que impõe respeito nos duelos do meio campo (falta ainda Fabinho), de Lemar que acelera no corredor esquerdo e do mais novo de todos, de seu nome Mbappé, que aos 18 anos se prepara para ser uma das maiores transferencias do Verão.

O Dortmund, apesar da qualidade do seu jogo e das combinações constantes e da capacidade para colocar 4/5 ou 6 jogadores na área adversária, não fez um jogo consistente e capaz de ser superior.

Fica a nota positiva para Sokratis, que se mostrou muito seguro e fez um bom jogo e pela negativa para Aubameyang, de quem se esperava muito mas que esteve escondido do jogo.

Por último, em Camp Nou os adeptos do Barcelona encheram o estádio e esperavam a remontada... novamente.

De que forma?

Desde logo com uma entrada forte, pressionante à imagem do jogo com o PSG, era o que se esperava.

Nada disso aconteceu.

No início do jogo vimos uma Juventus personalizada, a pressionar no meio do campo do Barcelona, não lhe dando tempo para iniciar da forma como mais gosta.

A Juventus não foi só defender o resultado, alternando momentos de pressão com momentos de ter as linhas juntas no seu meio-campo.

Do lado do Barça esperava-se muito mais para quem tinha uma desvantagem de três golos mas a verdade é que faltou inspiração para encontrar as soluções para entrar naquele bloco italiano.

As novidades Jordi Alba e Busquets no onze inicial foram importantes e fizeram a meu ver um bom jogo, com o lateral a ser solução no lado esquerdo e a controlar a velocidade de Cuadrado e o médio espanhol a ser o garante do equilíbrio e da saída com bola. E como fez falta em Turim.

O que é certo é que esperava-se que o trio MSN estivesse em grande e resolvesse. Não aconteceu.

Neymar bem tentou mas foi complicativo e exagerou nas fintas e o resultado final foi quase nulo.

Suarez luta e trabalha muito mas ficou emparedado entre Chiellini e Bonucci e não teve oportunidade para brilhar. Messi tentou mas nada saiu bem e o rendimento foi abaixo do esperado.

Nem um golo para fazer sonhar os seus adeptos, e como eles puxaram e mantiveram a esperança até final.

O resultado final castiga a inoperância do Barcelona e acima de tudo premeia a organização da Juventus, que fez a diferença. A Vecchia Signora está bem preparada para ser candidato a vencer a Liga dos Campeões.