Este fim de semana desportivo veio demonstrar, como se fosse preciso, que ainda falta muita Liga e que as equipas da frente vão perder pontos onde não se espera. A prova está competitiva e entusiasmante dentro do relvado, mas a um nível que não se deseja, fora dele.

O que tem sido dito por dirigentes, treinadores, departamentos de comunicação, ou por pessoas afetas a clubes que têm visibilidade e espaço na opinião pública - e que são na maioria das vezes a extensão de quem dirige os seus clubes - provoca atritos e tem impacto negativo.

O futebol não pode ser o que estamos viver fora das quatro linhas. E sem mudanças esperadas no comportamento por parte destes agentes, e perante o silêncio e inação das instâncias que regem o nosso futebol lá vamos cantando e rindo, como se costuma dizer. Até um dia...

Isto para dizer que não vale tudo, como já referi no programa MaisFutebol em que participo na TVI 24, a propósito de algumas situações passadas. Infelizmente, assistimos quase todos os dias a atitudes e comportamentos que se dispensavam e estão a mais num futebol que se quer transparente, credível, competitivo - com rivalidades, é certo, mas vivido de uma forma saudável e apaixonada.

O que passou com Sérgio Conceição esta semana reflecte o que estamos a viver no futebol português. A notícia que o colocava no comando técnico do Porto, uns dias antes de o receber em Guimarães na jornada 19, levou a conversas, insinuações, artigos e muito mais que colocaram em causa o seu profissionalismo, a sua dignidade, a sua liderança.

E, também, aquilo que ele tem demonstrado de entrega e paixão a uma carreira que abraçou e que desempenha com profissionalismo, com a sua espontaneidade e impulsividade e com um ou outro excesso, reconhecidos por ele, mas com ambição e vontade de vencer.

Não sei se o Sérgio vai ou não ser treinador do Porto no futuro, mas uma coisa eu sabia: que ele iria dar o máximo para vencer, ao serviço da equipa que representa neste momento, como o fez ao serviço de todas as outras que liderou.

Não li nem ouvi tudo o que foi escrito e dito mas o que vi foi suficiente para perceber o que aí vinha - porque efectivamente não tenho paciência para a cegueira que está instalada no nosso futebol. O que se passa é que são poucas as vezes em que se analisa, avalia ou se opina sem ter por base base o clubismo. É isso que vemos quase todos os dias.

A semana foi difícil para Sérgio Conceição e as suas declarações no final do jogo são reveladoras do seu sentimento - e do que ele e a sua família passaram nos últimos dias.

Em três pontos elogiou os seus jogadores, enalteceu o comportamento da massa associativa do Vitória e definiu a sua forma de estar e o que passou, de forma emocionada. O Vitória ganhou e, não sendo isso preciso para justificar o que quer que fosse, foi a melhor resposta para quem colocou tudo em dúvida.

O resultado não retira nada do que foi pensado e dito, nem sequer vai fazer mudar de ideias a quem teve essas afirmações e pensamentos mas para quem gosta de futebol e acredita que não vale tudo, esta foi a melhor resposta.

Ser treinador é a profissão que escolheu. E, apesar deste momento, Sérgio não vai deixar, acredito eu, de ter a postura e atitude (vivendo intensamente os jogos e tudo o que faz com entrega e emoção à mistura) que tem mantido desde que iniciou esta nova etapa na sua vida: sempre com vontade de vencer.