Aí está o melhor futebol do mundo, como é apresentada a Liga dos Campeões. E com meias-finais que proporcionam lutas de bancos entre dois técnicos espanhóis e dois italianos.

O italiano mais experiente lidera um dos maiores clubes de Espanha e do mundo. O espanhol mais experiente e titulado lidera o colosso alemão. O italiano que, até ao momento, fez carreira internamente lidera o outsider das meias-finais. Por último, o espanhol menos referenciado chegou este ano à liderança de um dos gigantes e ainda pode ganhar tudo.

Está dado o pontapé de saída, veremos quem vai ganhar. A luta nos bancos começa agora. Allegri e Ancelotti partilham da mesma escola mas o técnico que lidera o Real tem mais mundo. Será que isso pode representar uma vantagem? Luis Enrique e Guardiola, que beberam também das mesmas ideias e têm percursos semelhantes, têm quarta-feira a possibilidade de demonstrarem o que querem e quem lideram. Vai ser interessante perceber e seguir cada um dos jogos.

Para já Turim. A que jogo vamos assistir? O normal posicionamento de bloco baixo e cerrado dos italianos, explorando com acerto as transições ofensivas, ou um jogo mais aberto e disputado? Acredito mais na primeira hipótese.

Sem Pogba, mas com Tevez, Pirlo, Vidal, Morata e outros, a Juve é uma equipa com qualidade e maturidade para saber o que fazer em cada momento do jogo. Allegri disse: «temos de ser perfeitos» e Vidal não teve dúvidas em definir o adversário: «o Real é a equipa mais forte do mundo mas queremos passar à final». Por último, Pirlo lembrou: «o primeiro jogo é vital e temos de jogar com inteligência, prudência e atrevimento. Temos um sonho a realizar mas não nos podemos deixar levar pela pressão». Resumindo: a Juventus está preparada, sabe quem vai enfrentar e como o quer fazer.

Ancelotti sabe disso e não será surpreendido com a forma de jogar da vecchia signora. Veremos se os seus jogadores o serão. O campeão italiano tem a supremacia interna e procura a afirmação europeia de outros tempos: Allegri trouxe experiência, reforçou com qualidade o trabalho de Conte e persegue o sonho da Liga dos Campeões. Se os jogadores do Real Madrid pensarem que os italianos são apenas mais uns na caminhada para Berlim podem dar-se mal.

No seu estilo consensual, e com muito mérito, Ancelotti vai com a equipa à procura da 11ª Liga dos Campeões, que está apenas a três jogos de distância. A diferença entre as equipas, nesta altura, está no descanso e na preparação para a eliminatória. De um lado, Allegri, com o scudetto conquistado, gere o descanso como entende. Do outro, a luta pela conquista da Liga espanhola continua acesa para o Real Madrid. Os dois pontos de atraso para o Barcelona mantêm vivo o sonho do título e, por isso, não há tempo para relaxamento. Entre os jogos com a Juve, a receção ao Valência, no Santiago Barnabéu, não torna a situação fácil.

Nestes jogos com exigência máxima não é permitida desconcentração. As grandes equipas lutam por grandes objectivos e trabalham diariamente para estarem presentes em todas as decisões. Qual será a realidade? A presença na final e a continuidade na luta pela Liga espanhola? Nenhuma das duas ou apenas uma?

No dia seguinte ao jogo de Turim, temos o embate que é considerado a final antecipada: o Barcelona recebe o Bayern com o nome de Guardiola no centro das atenções. Espero uma recepção fantástica do público catalão para Pep Guardiola: foi sob a sua liderança que tiveram a melhor época de sempre na história do Barcelona.

São inúmeros os motivos de interesse deste jogo, que eu vou seguir com muita atenção. No duelo dos bancos fala-se a mesma língua, com dois antigos companheiros de equipa. Veremos que variáveis vão fazer pender o jogo - ou se o conhecimento existente vai equilibrar a partida.

Acredito no desequilíbrio das tácticas pela genialidade de um Messi ou de um Neymar, ou pela intensidade e circulação rápida da bola do Bayern. Guardiola sabe que a eliminatória não será ganha em Barcelona, mas conhece como ninguém os pontos fortes e fraquezas individuais da maioria dos jogadores do Barcelona. Serão os jogadores do Bayern capazes de cumprir na perfeição as suas ideias?

Se o Bayern cometer os erros do Dragão, a eliminatória estará perdida. Em Barcelona vive uma equipa moralizada, o seu tridente ofensivo é de respeito e já passou os 100 golos na Liga espanhola.
Da incerteza ao sucesso dos três juntos – Messi, Suarez e Neymar - foi apenas um par de meses, com a necessária adaptação a uma ideia de jogo e a um conhecimento entre todos. Estão a fazer mossa nas defesas adversárias e serão o maior desafio para a defesa do Bayern. Guardiola sabe das dificuldades e com certeza terá a equipa preparada, mas a imprevisibilidade dos três supera por vezes estratégias e marcações apertadas.

O Barcelona tem também a Liga espanhola no pensamento. Lidera ,e vai a Madrid defrontar o Atlético, uns dias depois da segunda mão desta meia-final. Terá influência o resultado da eliminatória? A possibilidade de perder ou ganhar tudo, ou apenas uma das competições, é o desafio desta equipa do Barcelona, para se decidir em onze dias.

Voltando ao jogo, uma das dúvidas é: quem terá mais bola? As ideias e os princípios de jogo são comuns às duas equipas. E o seu mentor está apenas num dos bancos. Guardiola lidera a máquina alemã, mais debilitada do que o costume, mas mesmo assim bastante forte.

Como será jogar pela primeira vez perante o seu público, no seu estádio, contra a sua equipa, que lhe deu tudo como jogador e onde conquistou tudo como treinador? Imagino os sentimentos que lhe vão na alma. Pensar no Barcelona dos últimos tempos é pensar em Guardiola, que está do outro lado, agora.

Do lado blaugrana, agora está Luis Enrique, com dúvidas à mistura e ainda sem o reconhecimento de Pep. Mas na mesma com possibilidade de ser feliz e ficar na história, estejam Messi e companhia em dia sim. Luis Enrique tem a sua equipa na máxima força, Guardiola com baixas importantes. Nesta altura esses argumentos pouco importam: ser eliminado é um falhanço.

O Bayern quer mais do que conquistas internas e Guardiola sabe disso. Este é um desafio também às suas capacidades de treinador e de líder. Arranjar soluções para os problemas e colocar a equipa e os seus jogadores ao melhor nível para eliminar este Barcelona, é isso que esperam Rummenigge e os outros responsáveis do Bayern. O duelo para já começou nas contas de Twitter de ambos os clubes com fair play e desejos de boa sorte, como pode ver aqui nesta notícia do Maisfutebol.