Hoje é dia para falar de campeões - dos que se consagraram no passado sábado e dos que festejaram em Maio a conquista da Premier League.

All Blacks e Chelsea são o tema desta crónica e começo pelos recentes campeões. Não acompanho o râguebi normalmente mas, nestas alturas de Campeonatos do Mundo, sigo os jogos com atenção - e principalmente os All Blacks. Este Mundial teve ao longo dos 48 encontros a presença de 2.477.805 adeptos, além de muitos milhões a acompanhar à distância, por todo o mundo.

A final de sábado entre Austrália e Nova Zelândia teve, mais uma vez, estádio cheio. E lá estava eu, às 16 horas, em frente à TV. Ou melhor: um pouco antes disso, porque temos sempre de acompanhar o esperado Haka. Aquele momento é fabuloso e com uma energia impressionante. Se quem vê pela TV vibra, como eu, imagino como será presenciá-lo no estádio. O silêncio impera e a equipa adversária, perfilada, mostra-se unida a observar tudo aquilo, com um respeito enorme por aquele ritual. Impressionante.

O jogo veio logo a seguir - e que grande jogo!

A competitividade marcou esta final. A intensidade colocada em cada lance, a qualidade dos jogadores, cada um com a sua missão, o sentido de responsabilidade e de equipa fizeram-me seguir com muita atenção todo o jogo. Para quem, como eu, não conhece todas as regras do râguebi, foram importantes os comentários de António Aguilar e Tomaz Morais. A dupla esteve muito bem, vivendo o jogo e acompanhando os comentários com entusiasmo, explicando de forma clara o que se passava.

Até aos 70 minutos havia dúvidas quanto ao vencedor mas a Nova Zelândia foi a melhor e venceu com mérito. Nota para o fair-play, o respeito pelo adversário e pelo árbitro. O escolhido foi o galês Nigel Owens, segundo se diz o melhor do mundo. Teve grande postura e uma presença importante, dialogando com os jogadores e explicando as suas decisões. O público ouvia e seguia pelos écrans do estádio as jogadas pedidas, manifestando-se sempre que entendia.

Terminava ali qualquer dúvida e este desporto - apesar dos erros que existem e vão continuar a existir - transmite uma cultura desportiva difícil de igualar por outras modalidades.

Após um grande Mundial, uma nota final para dois grandes jogadores: Dan Carter e o capitão Ritchie McCaw, da Nova Zelândia, foram fantásticos. Bicampeões mundiais, única selecção com três títulos conquistados, a Nova Zelândia vai, com certeza, tentar o quarto título no Japão. Falta muito para o próximo mundial?



Passando da bola oval para a redonda, do futebol, o Chelsea é tema obrigatório de conversa. Os actuais campeões ingleses estão muito mal e este início de temporada impressiona pela negativa. Um dos melhores e mais titulados treinadores do mundo atravessa um momento extremamente complicado.

Estão em 15º na tabela, com 11 pontos, a dez do lugar que dá acesso à Liga dos Campeões e a 14 do primeiro lugar. Isto tudo com 11 jornadas decorridas. O registo marca três vitórias, dois empates e seis derrotas. Os 16 golos marcados e uns surpreendentes 22 golos sofridos dizem muito do que se passa.

Esta equipa foi campeã há apenas 5 meses!!! No defeso, entraram uns jogadores e saíram outros, mas sempre com o objectivo de renovar o título.
Segundo foi noticiado gastaram-se 83 milhões de euros em contratações e fizeram-se 59 milhões em vendas. Saldo negativo, mas o dinheiro não tem sido problema para o Chelsea. Os resultados não estão a corresponder ao investimento. O que levou a tão grande mudança? Não pode estar tudo mal.

Em alturas de maus resultados tudo se questiona. Não foi contratado quem devia e dispensou-se quem fazia falta. Quem chegou não acrescenta e por aí adiante. A relação entre Mourinho e os jogadores é má, é a dificuldade em passar a mensagem por parte do treinador, enfim… Tudo é falado, sem se saber efectivamente o que se passa. Mourinho gosta do conflito e vive no confronto e a imprensa inglesa está lá para marcar. Agora com os resultados a mandarem, tudo é posto em causa.

Mas, afinal, o que está mal? Os factos visíveis são claramente o baixo rendimento de vários elementos, as inesperadas dificuldades defensivas e uma qualidade de jogo aquém da qualidade individual dos jogadores. O Chelsea não está a ser uma equipa como habitualmente são as equipas de Mourinho - e, mais do que os 16 golos marcados, o que mais surpreende são os 22 golos sofridos neste período. Algo vai mal no reino dos «blues», mas só quem está dentro sabe o que se passa. Tinha dito há umas semanas, no programa Maisfutebol, da TVI 24 que aquele era, na altura, o maior desafio na carreira de José Mourinho porque ainda não tinha vivido uma situação destas.

A 2 de outubro, Mourinho definiu este momento como sendo o pior da carreira. Encarava-o como uma experiência negativa que não queria repetir, que chegava ao fim de um percurso de 15 anos – tarde, mas algo que vai ajudar a melhorá-lo.

De lá para cá nada se alterou: foram quatro derrotas e uma vitória em cinco jogos, com a eliminação na Taça da Liga pelo meio. O quadro é pior e cada jogo aumenta a pressão e a obrigação de ganhar. A recepção ao Dínamo Kiev, na quarta-feira, e a visita ao Stoke City, no sábado marcam a agenda. Aguardemos pela resposta.

Uma nota final: Mourinho veio para ficar muito tempo no Chelsea, como referiu há dois anos, quando regressou, e como vem repetindo. A sua renovação, no início desta época, reforça isso mesmo. Apesar deste tempo sem igual na carreira de Mourinho veremos se o conhecimento e a relação existente entre ele e Roman Abramovich aguentam esta tempestade ou se teremos mais uma rescisão milionária no Chelsea.