Continua tudo na mesma na nossa Liga.

A luta pelos lugares cimeiros mantém-se, ninguém vacilou. O Vitória de Guimarães mantém a trajectória e o excelente comportamento. O resultado é o segundo lugar que ocupa.

Uma nota para o Sporting de Braga, que demonstra vontade de chegar ao pódio e manter-se por lá.
Tem apresentado qualidade e os resultados são a prova disso. Grande derby vamos ter no próximo domingo.

Mas este artigo tem a ver com o Feirense e os seus jogadores.

No domingo de manhã assisti pela televisão ao Feirense-Sporting B. Já tinha visto alguns jogos do Sporting, mas nenhum do Feirense e deu para perceber a qualidade da equipa e dos seus jogadores.

Desde logo uma nota para Fabinho. O jovem médio ofensivo de 19 anos tem qualidade e potencial para outro patamar. Gostei da forma como se movimenta, como gosta de ter a bola e como executa. No lance do penalty, foi frio e bateu com classe. Fez a formação no clube de Santa Maria da Feira e vai na segunda época na equipa. Pelo meio uma participação pela selecção portuguesa (sub 20) com presença no Torneio de Toulon. Depois de 20 jogos disputados e quatro golos no primeiro ano, tem agora 15 jogos feitos (14 a titular) e é o melhor marcador da equipa com cinco golos. Tem tido uma afirmação sustentada e ainda com muito para evoluir. Aguardo para ver qual será a próxima paragem de Fabinho.

Mas o Feirense apresentou mais dois jovens formados no clube.

Agostinho Carvalho e Tiago Jogo têm marcado presença no onze escolhido por Pedro Miguel.

O Feirense investiu nos últimos anos no seu Parque Desportivo. As melhorias foram evidentes, o que permite um melhor e mais sustentado trabalho e uma natural evolução dos jogadores. O que é um facto é que são vários os jovens além dos referidos acima e que fazem também parte do seu plantel. Renato Maia, Pedro Santos, Joca, Ruben Oliveira e Yorn têm entre 18 e 19 anos e todos saídos da formação.

Há 18 meses o jovem Rafa Silva saiu para um clube de dimensão superior. Fez a formação no Alverca mas chegou ao Feirense para fazer o último ano de júnior e o primeiro de sénior. Não passou despercebida a sua qualidade e o Sporting de Braga foi contratá-lo. Não foi há tanto tempo e é hoje um valor seguro.

Quem sabe se desta nova geração de jogadores do Feirense não saem outros? No meio desta equipa também surgem jogadores que foram formados no clube e que depois de algumas passagens por outros clubes, regressam e vêm acrescentar experiência e qualidade. São eles que permitem uma melhor integração a todos aqueles jovens que sobem à equipa principal. Barge, com 30 anos, é um deles e regressou a época passada ao clube. Cris, também com 30 anos, é o capitão. Foi outros dos jogadores que regressaram na mesma altura. Acredito que a presença dele no meio-campo seja uma mais-valia no crescimento de Fabinho e Tiago Jogo.

É este também um dos papéis dos jogadores mais velhos numa equipa: orientar, ajudar e ser alguém disposto a indicar o caminho e ao mesmo tempo ser exigente no cumprimento das obrigações de todos. Já me esquecia de referir o grande golo do Cris contra o Sporting B. Remate forte de fora da área, pleno de intenção e com um bom gesto técnico. O momento do jogo.

O mesmo se passa na zona central com Tonel a fazer dupla com Agostinho Carvalho. O jovem central vai crescer com alguém ao lado com a experiência e o passado de Tonel. Uma equipa faz-se desta mescla de jogadores. Neste caso, vários jovens da casa e uma série de jogadores experientes.

Uma última nota para um campeão do mundo de Riade. Na transmissão televisiva deste jogo, vi no final o Morgado, antigo lateral esquerdo. Fui colega dele nos juniores do FC Porto e não sabia onde estava: é hoje elemento da estrutura técnica do Feirense. Recordo-o como um bom jogador, inteligente e com qualidade. Pensava eu (tal como outros, acredito) que iria ser o lateral esquerdo do Porto e da selecção portuguesa durante dez anos. Não sei o que se passou entretanto, mas acabou por não confirmar o meu pensamento da altura. Gostei de o ver e perceber que está ligado ao futebol. Acredito que a sua experiência e conhecimento poderão ajudar a equipa e o desenvolvimento dos jovens jogadores. Não conheço a gestão do Feirense nem sei se efectivamente esta é uma estratégia de quem dirige, mas o facto é que são vários os jovens da formação na equipa.

Já o afirmei e continuo a dizer que em Portugal a aposta na formação tem de ser uma realidade. Não existe outro caminho. A grande maioria dos clubes ainda não percebeu, mas fica este exemplo de um emblema do segundo patamar do nosso futebol. Todos sabemos das dificuldades que o futebol português e os seus clubes vivem. Imagino que o Feirense não deve fugir à regra, mas vai fazendo o seu caminho, mostrando que é possível apostar nos jovens da formação. Espero que alguns destes jovens, e outros que entretanto surgirão, consigam o seu lugar e se destaquem no nosso futebol.