Grande clássico a abrir o ano. Alvalade encheu-se para ver o confronto entre os dois primeiros. A vitória do Sporting com mérito, colocou-o novamente na liderança. Vamos aos protagonistas do jogo

1 – O estádio cheio é sempre motivo de satisfação e sintoma da paixão que os adeptos têm pelos seus clubes. Os 49.382 presentes fizeram um grande ambiente.
Para os jogadores, jogar para grandes assistências é o que se espera. O momento de entrada em campo é sempre especial, com o público a reagir e a fazer barulho.
Depois é rolar a bola...

2 – Jorge Jesus voltou a vencer mais um clássico. No onze trouxe a novidade Matheus e colocou Bryan Ruiz mais perto de Slimani. A estratégia passava por ganhar superioridade no meio campo, criar a surpresa com Matheus e permitir a Bryan menos desgaste, mais contacto com a bola e uma maior proximidade em zonas de decisão. A equipa comportou-se bem e respondeu de uma forma positiva e isso reforça a confiança no que se está a fazer.

3 – Lopetegui e o FC Porto não conseguiram sair de Alvalade com a liderança. 
O onze apresentado reflectia a forma habitual do Porto jogar. Herrera surgia na frente dos dois médios e os alas procuravam ser o apoio ao avançado. Tudo certo no papel mas o futebol apresentado não foi o esperado, com posse e segurança, antes um jogo mais longo e directo. Ambos os treinadores concordaram que o primeiro golo marcado foi a chave do jogo. É certo que este tipo de jogos decide-se muitas vezes por detalhes e sofrer numa bola parada é um mau indicador. Mas faltava ainda uma hora: é muito tempo para se jogar e a equipa do Porto não conseguiu inverter o resultado. Na segunda parte partiu o jogo e isso, quanto a mim, favoreceu o Sporting que se apresentava mais organizado e consistente.
As alterações feitas por Lopetegui não acrescentaram nada de positivo e a troca por troca do avançado - muito questionada - traduzia a esperança em momentos de inspiração de Brahimi e Corona. Não aconteceram e o segundo golo do Sporting acabou com o jogo.

4 – Rui Patrício voltou a ser decisivo e a garantir a segurança da baliza. Duas intervenções de bom nível atestam a sua qualidade e a boa leitura de jogo e uma grande concentração para estar no momento certo e responder à altura dos acontecimentos.

5 – Naldo tem feito um percurso seguro na equipa. Não deslumbra, mas tem tido um bom rendimento, entendendo-se bem com o jovem Paulo Oliveira. Neste jogo esteve em bom nível, muito concentrado e seguro quer nas antecipações quer nos cortes efectuados.

6 – Adrien foi o melhor jogador em campo. Saiu desgastado e para os aplausos mas foi durante toda a partida o jogador que agarrou a equipa, pressionou e recuperou bolas, esteve bem no passe e quase marcava num remate que teve o poste e não as redes da baliza, como destino final. Grande jogo do capitão!

7 - João Mário trata a bola como poucos e dá gosto vê-lo jogar. Gosta de ter a bola e para isso está sempre preparado para a receber. Inteligente na forma como se posiciona e movimenta no campo é um jogador importante na manobra ofensiva e defensiva da equipa.

8 – Slimani foi o marcador de serviço. O avançado argelino não pára na pressão sobre os defesas, na luta pela bola e na preocupação em estar na área para poder finalizar. É um jogador confiante, que trabalha muito para marcar e já leva 10 golos. A profundidade que dá, a capacidade para ser o primeiro elemento a defender fazem dele um jogador importante para a equipa.

9 – Danilo foi, quanto a mim, o melhor elemento do Porto. Jogou com personalidade, confiante, forte nos duelos e com a bola tentou empurrar a equipa para a frente. Foi dele o passe para Aboubakar poder abrir o marcador e foi ao longo do jogo o elemento mais esclarecido da equipa.

10 – Brahimi e Corona. Foram os escolhidos para criarem os desequilíbrios e serem o apoio de Aboubakar. Dos jogadores com mais qualidade e mais capazes espera-se sempre mais e Brahimi tem muita qualidade. Infelizmente para a equipa apareceu a espaços, a maioria das vezes em zonas recuadas e nunca foi o desequilibrador que Lopetegui esperava - e o FC Porto sofreu com isso. O jovem mexicano trata bem a bola e foi um dos jogadores que mais tentaram mas, na maioria das vezes, longe da área e não é ai que se esperam os desequilíbrios.
A meu ver faltou isso à equipa do Porto: criar situações e ser decisivo no último terço, junto à baliza de Patrício. Isso pouco aconteceu e a equipa acabou por ressentir-se da ausência dos seus principais jogadores.

11- Aboubakar e André Silva foram os avançados escolhidos por Lopetegui.
O jovem camaronês não está confiante e isso nota-se, não só neste jogo. Apesar da sua qualidade e capacidade de trabalho, teve duas boas oportunidades para marcar que não aproveitou. O jovem avançado da formação portista teve 20 minutos para tentar ajudar a inverter o resultado. Mostrou a vontade de agarrar a oportunidade mas entrou já num momento difícil para a equipa e, apesar do esforço, não houve resultados práticos. Espero que a sua chamada não seja apenas um momento mas que haja continuidade para que continue a evoluir.

P.S. temos jornada já nesta quarta-feira e o fim da primeira volta chega no fim de semana. Bons jogos em perspectiva e desafios importantes para os grandes, que podem dizer muito. Aguardemos por domingo.