Chegados ao fim do ano, fui mais uma vez desafiado pela equipa do Maisfutebol para escolher o onze nacional de 2014.

À semelhança do ano passado, o critério da escolha remete para o período de Janeiro a Dezembro. Mais uma vez, a ideia passa por avaliar o rendimento ao longo de um ano. Além dos meus onze, outros jogadores houve que, por força do seu rendimento no primeiro ou segundo período do ano merecem uma nota positiva.

Relativamente ao onze escolhido, e em comparação com o ano passado, fiz quatro alterações. Aqui vão as minhas escolhas.



Na baliza continua Rui Patrício. É o melhor guarda redes português e voltou a afirmar-se. Aos 26 anos já atingiu os 300 jogos pelo Sporting. Apresentou ao longo do ano um bom rendimento e foi variadas vezes o garante de bons resultados. Nesta segunda metade de 2014, a equipa tem vivido uma inconstância de resultados, mas a sua presença na baliza tem valido pontos.



Na defesa, mantive três elementos e promovi uma nova entrada. Nas laterais voltei a escolher Danilo e Alex Sandro. O jogo ofensivo do FC Porto vive muito do comportamento destes dois jogadores. Danilo tem uma capacidade física impressionante e, desde que chegou ao Dragão, a profundidade que dá e os seus movimentos interiores criam desequilíbrio e surpresa. Os três golos que marcou ao longo do ano são consequência dessa forma de jogar.



Alex Sandro alia a qualidade técnica a uma subida com propósito pelo corredor. Partilha com Danilo a importância na manobra ofensiva da equipa.



Para a dupla central, mantive Paulo Oliveira e juntei-lhe a experiência de Luisão. O capitão do Benfica tem sido ao longo das épocas um esteio na defesa e este ano apresentou um alto nível de rendimento. Com 33 anos, a importância que assume na equipa não tem comparação e, quando não está presente, sente-se a diferença. O seu parceiro de sector tem variado mas o seu comportamento não altera, ajudando à entrada de novos elementos e mantendo a solidez necessária da equipa.



O jovem Paulo Oliveira, já escolhido no ano passado, mantém a posição. O rendimento apresentado no Vitória fê-lo chegar a Alvalade. Demorou um pouco a jogar mas assumiu a titularidade a 4 de Outubro e nunca mais saiu. Mantém intactas as suas características e num clube grande, em que a exigência é maior, a segurança e a concentração que tem no jogo são importantes. Continua a faltar-lhe mais contundência quando sobe à área contrária. Tem apenas um golo e capacidade para fazer mais.

No meio campo apenas Enzo se mantém em relação ao ano passado. Juntei-lhe, desta vez, André André, João Mário e Gaitán.



Enzo foi um jogador fundamental para a conquista do título e ajudou com 3 golos. Neste último semestre tem sido menos exuberante, mas não deixa de ser uma referência no meio campo e na forma como toda a equipa joga. A sua experiência, a sua qualidade e a capacidade para perceber todos os momentos do jogo dão-lhe um estatuto de indiscutível numa equipa que tem noção da sua importância.



Gaitán foi outro elemento importante para a conquista do título e continua o rendimento esta época. Os seus movimentos rectílineos e interiores, aliados à sua velocidade e capacidade para desequilibrar têm sido uma das armas deste Benfica. A forma como melhorou o seu comportamento nas tarefas defensivas permitiu à equipa outras abordagens e faz dele um jogador mais completo.



André André tem sido elemento fundamental neste Vitória que se renova todos os anos. Muito importante para Rui Vitória, acaba por ser a sua extensão dentro de campo e é ele quem define o ritmo da equipa. Os três golos no primeiro semestre e agora os quatro golos que marcou no decorrer desta época valorizam-no e dão-lhe outra dimensão. Com 25 anos, e mantendo o rendimento, acredito que seja altura para outro patamar.



Por ultimo João Mário. Teve de procurar um lugar para jogar em 2014 e o V. Setúbal acolheu-o e permitiu-lhe explorar o seu talento e qualidade. Foi um dos responsáveis pela subida de rendimento da equipa sadina na segunda metade da época. O rendimento apresentado colocou-o nos 30 para o Mundial do Brasil e fê-lo regressar a Alvalade no início desta época.

Esperava dele uma afirmação imediata mas apenas em Setembro foi titular. Gosta de ter a bola, sabe o que faz e a forma como se movimenta é uma mais valia para a equipa. Espero que continue a evoluir e a mostrar todo o seu potencial. A chegada à selecção principal já aconteceu, o que era natural.



Na frente, entreguei as despesas do ataque a Lima e Jackson, novamente. Jackson foi o melhor marcador da época passada e continua a lidera esta época, com 11 golos marcados. Grande cartão de visita para um avançado mas Jackson - já o tinha referido - é o melhor avançado a atuar em Portugal, e uma referência da qual Lopetegui também não abdica.



Lima foi o melhor marcador do Benfica em 2013/14 e este início de época, apesar de ter apenas cinco golos na Liga, não lhe retirou importância na equipa. Continua a ser o avançado preferencial, fruto da sua qualidade e trabalho para a equipa. É rápido, dinâmico e liberta espaço para os colegas com as suas movimentações. O seu posicionamento e a capacidade para pressionar a defesa contrária têm muita importância na forma de jogar da equipa.



Para terminar, referência para o rendimento positivo de outros jogadores e para a importância que cada um deles assumiu nas suas equipas. Casos de Rafa e Pedro Tiba (em Setúbal e Braga) durante o ano e de Ricardo Horta, Garay, Nani, Brahimi e Bernard, em apenas uma metade do ano. William Carvalho esteve muito bem nos primeiros seis meses, sendo premiado com a presença no Mundial, mas no último semestre esteve alguns furos abaixo do que consegue fazer.