Na passada sexta-feira, Gianluigi Buffon bateu o recorde de imbatibilidade que estava na posse do mítico Dino Zoff, antigo jogador do seu clube. Há 14 anos na Juventus, Buffon vai com uma série de 10 jogos sem sofrer golos, superando os 903 minutos conseguidos por Zoff em 1972/73.

Para já tem 926 minutos e está a 4 minutos de bater o recorde absoluto italiano, na posse de Rossi do AC Milan (929). Já falta pouco e para a semana já saberemos se há um novo máximo no calcio.

Aos 38 anos, Buffon tem uma carreira recheada de títulos, entre campeão italiano, supertaça, Liga Europa e, principalmente, o título de Campeão do Mundo, conseguido com a Itália em 2006.

Com uma carreira tão longa e com a qualidade que tem é natural que vá batendo os recordes que ainda tem pela frente. Este, em que superou Zoff, serve de mote para falar das declarações dele em Janeiro deste ano: Buffon quer jogar o Mundial 2018 na Russia. Sim, leram bem. A acontecer, terá 40 na altura desse Mundial – a mesma idade com que Zoff conquistou o título pela Itália, em 1982.

Vai conseguir? Não sabemos porque até lá serão algumas as variáveis em jogo. O que o leva a ter esta vontade, este desejo? A ambição, a vontade de jogar e naturalmente a capacidade que sente para conseguir estar na baliza. Buffon tem 5 presenças em fases finais de Mundiais, de 1998 a 2014, mas quer mais...

Enorme. Se estiver no Mundial na Rússia, serão vinte anos de squadra azurra com Buffon.

Desde logo, permitir-lhe-ia entrar mais uma vez na história: a sexta presença num Mundial é mais um recorde. Nunca ninguém esteve presente em 6 mundiais e se o conseguir Buffon obtém mais um extraordinário registo.

A sua presença na baliza transalpina traduz-se num número impressionante. São 154 as vezes que jogou com a camisola italiana e a história ainda não acabou.

O que o move? O que mantém um atleta destes ao mais alto nível? O que leva um jogador com esta idade a continuar a jogar?

Para já, não tenho dúvidas: uma enorme paixão por uma profissão que com certeza para ele, como era para mim, é a melhor profissão do mundo.

Para se levantar todos os dias e ir treinar, o prazer de estar nos relvados tem de estar naturalmente na sua mente, de outra forma não era possível. Por outro lado, poder competir numa equipa de topo e nas maiores competições mantêm a sua ambição e espírito competitivo lá em cima.

O discurso que tem tido, manifestando o desejo de estar presente no Mundial na Rússia, faz com que o fim da carreira esteja adiado, no mínimo, para daqui a dois anos e meio.

Fantástico, se olharmos para os 38 anos que tem hoje. Até onde vai a sua ambição e como não ultrapassar aquela linha, que inevitavelmente vai acabar por acontecer?

Com certeza que o corpo vai dando notas de desgaste. Como profissional de futebol vais perdendo algumas coisas e ganhando outras. É a lei da vida: os anos vão passando e dando experiência, vais gerindo o teu dia a dia no treino e na vida pessoal.

Não sei qual é o treino invisível, como se diz no futebol, de Buffon mas tem de ser um profissional cumpridor e consciente da idade que tem para poder estar sempre ao mais alto nível e continuar a corresponder.

No campo tem com certeza uma preparação adequada e nos limites e a par disso uma boa preparação mental.

É fundamental acreditarmos no trabalho, nas nossas capacidades e nesta posição tão específica é determinante ser forte mentalmente. Nesse particular, não o conhecendo pessoalmente, todas as declarações e comportamentos dele indicam isso. É este conjunto de vários factores e comportamentos que o faz continuar ao mais alto nível e dizer que marcará presença no Mundial em 2018.

Jogar é uma paixão e como disse atrás, Buffon tem que sentir isso todos os dias, só assim é possível perseguir objectivos e ter a possibilidade de concretiza-los.

Cá estaremos para ver se Buffon em 2018 será o único com 6 presenças em fases finais de Mundiais.

E por falar em guarda redes, uma palavra para Van der Sar e que representa um pouco que tentei explicar atrás.

O internacional holandês voltou aos 45 anos, depois de ter terminado há 5 anos, à baliza do seu clube de infância, da 4ª divisão holandesa. O guarda-redes com maior currículo da Holanda, regressou à baliza por uns momentos. É certo que apenas para colmatar a ausência por lesão do titular e depois de um pedido dos dirigentes do VV Noodwijk. A paixão pelo jogo e a vontade de estar outra vez na posição que ocupou durante anos e anos fizeram-no pensar.

A resposta veio logo a seguir. Por que não?

E ai está: jogou e até um penálti defendeu como podem ver aqui. Se as histórias na sua carreira já eram muitas, esta passa também a contar.