Os fortes aplausos dos checos, em alguns momentos do jogo e depois, no final da vitória dos sub-21 de Portugal sobre a Inglaterra, não enganaram. Para lá de um triunfo importante, as palmas na despedida confirmavam outro aspeto importante: pela atitude e pelo futebol exibido, a seleção conquistou os adeptos de Uherské Hradiště, a pequena cidade onde Portugal vai cumprir os outros dois jogos. O próximo é já neste domingo, diante de uma Itália pressionada pelo seu desaire inaugural.

Mas comecemos pelo jogo de Portugal. Visto no local, sob uma temperatura amena (16 ou 17 graus) num estádio de oito mil lugares com 90 por cento da lotação esgotada, a vitória sobre a Inglaterra foi... mais do mesmo. Ou seja: uma seleção portuguesa a mostrar as suas armas habituais, com destaque para a organização e grande espírito de entreajuda, tudo pontuado com a qualidade individual que, a espaços arrancou os tais aplausos aos checos.

Nem tudo foram rosas, é verdade: o jogo foi equilibrado, forte e intenso. Mas, depois de uma primeira parte repartida com uma boa seleção inglesa, o bom reinício e o golo marcado cedo foram a base para uma segunda parte de maior controlo. A exceção foram os cinco/dez minutos finais: aí, a Inglaterra entrou com toda a carne no assador, obrigando Portugal a recuar e a sofrer, algo que os jogadores também souberam fazer. Falhas? Não há equipas perfeitas, nem num patamar de experiência muito superior a este. Mas a minha leitura vai no sentido contrário: mérito de um adversário forte, que justificou o plenamente o respeito com que foi encarado pelos portugueses.

Em termos individuais, dois nomes se destacaram dos restantes, para mim. O primeiro é Bernardo Silva, o man of the match, que está numa forma brutal. Tem grandes receções e joga com a bola sempre colada ao pé. A isto junta uma grande intensidade de jogo e disponibilidade para pressionar, sabendo fazê-lo nos momentos certos. Depois, a sua técnica permite-lhe encontrar espaços: sabe o momento certo para soltar a bola ou para entrar, e podia ter sido ele a assinar o golo antes da recarga vitoriosa de João Mário, num lance em que começa por sofrer grande penalidade.

O segundo nome é o de José Sá, cuja segurança foi determinante. Não apenas nas defesas que fez, mas também no comportamento perante o jogo, nas saídas, nos mergulhos corajosos aos pés dos adversários, foi uma das chaves para o triunfo luso.

No resto, contámos com centrais seguros e avançados combativos, que desgastam uma defesa. Quanto a mim, Ricardo esteve melhor do que Ivan, mas a forma como a seleção se organizou no ataque não foi surpresa: olhando para o percurso da qualificação, raras vezes esta equipa jogou com uma referência de área. A aposta mais habitual é na mobilidade e, quanto a mim, voltou a resultar.

Segue-se a Itália, derrotada pela Suécia na estreia. Não pude ver o jogo todo, mas, do que vi, pareceu-me que a Itália abusou do futebol direto. Este resultado confirma que este é um grupo forte, com quatro candidatos, não dois nem três como poderia pensar-se: é importante não esquecer que a Suécia eliminou a França para aqui chegar. Itália e Inglaterra vão ter agora jogos de tudo ou nada, logo na segunda jornada, algo que talvez não o esperassem tão cedo.

Quanto a mim, este resultado não muda muito da abordagem que Portugal deve ter ao resto da competição. O mesmo espírito de grupo, apoiado pelo talento individual e por uma confiança que é sempre reforçada com vitórias no jogo de estreia. No caso, uma vitória justa, que prova a capacidade deste grupo. Assim ele continue nos próximos testes.