Nesta terça-feira, em Munique, e na quinta-feira, em Braga, prossegue a aventura e o sonho das únicas equipas portuguesas em competição. É para ambas o maior desafio até ao momento. Chegando com mérito a esta fase da competição, vão ter de se superar em cada um dos jogos - e isso pode não chegar - para estarem na fase seguinte. Mas vamos por partes.

Apenas vai ser jogada a primeira metade da eliminatória. Começo pelo Benfica que em poucas horas estará a defrontar no Allianz Arena o colosso alemão, Bayern de Munique. Quais as hipóteses? Poucas, no meu entender, face ao poderio e à qualidade de cada um dos jogadores da equipa alemã e à forma como se apresentam colectivamente. Tarefa muito complicada.

Mas isso não impede que a equipa acredite e pense ser possível passar a eliminatória. Se olharmos para o artigo do Nuno Travassos na última edição da MF Total, está tudo lá e percebemos quem o Benfica vai enfrentar.

Só esta nota do artigo “ O Bayern é a equipa com maior percentagem de posse de bola na Liga dos Campeões (67%), a equipa com mais passes completos (5603), com melhor eficácia de passe (92%), a mais rematora (74) e também a mais concretizadora (25). Números nada animadores mas este é o Bayern.

Já se sabe que a bola vai andar mais tempo pelos pés dos jogadores de Munique e por isso vai obrigar a uma consistência ainda não vista pelo Benfica, a uma concentração no limite, a uma entreajuda sem igual e uma atenção permanente às trocas de posição, aos movimentos de rutura, à circulação de bola e a todos os detalhes que o jogo tem. Distracção é o fim e é isso que não se pretende.

Este é apenas o primeiro jogo e trazer a discussão para a Luz é o desejo da equipa e de Rui Vitoria. Um desejo realista ou pouco provável? A diferença que existe é grande e nessa medida a tarefa é muito exigente. O Bayern quer resolver já a eliminatória e o Benfica quer impedir que isso aconteça. Num jogo a duas mãos, a estratégia tem um papel importante e Rui Vitória conta com esse factor num desempenho maximizado da equipa.

Do outro lado está uma equipa que vai fazer uso desde o início da sua forma de jogar, tipo rolo compressor que não deixa tempo para respirar. Não sofrer golos é determinante para manter viva a chama e a possibilidade de estar no jogo. Costuma-se dizer que uma equipa joga o que a outra deixa jogar. Será assim, ou o Bayern faz o que quer? Vamos ver um Benfica preocupado em defender e a ser capaz de sair para o ataque?

As fragilidades também existem no Bayern, mas terá a equipa capacidade para criar problemas?

As respostas serão dadas no jogo.

Na cabeça de Rui Vitoria, a estratégia está pensada e pronta a ser executada. Veremos se bem, e assim teremos um Benfica a disputar o jogo. Se pouco ou nada resultar, vai haver sofrimento. O reforço do meio campo com mais um elemento e apenas um jogador na frente deve ser a opção.

Nem Jonas nem Mitroglou de início - é a minha ideia - e Jimenez será quem se vai bater contra a defesa alemã. Mas precisará de apoio. Um meio campo preenchido, consistente, solidário e com o pensamento em saltar para um movimento ofensivo é importante: ter também a capacidade para ter bola e poder “respirar” mais subido.

A exigência física vai ser enorme, correr atrás da bola desgasta. A preocupação em fechar os espaços, as linhas de passe, os movimentos de rutura também. Este vai ser em princípio o figurino, mas acredito que só um Benfica compacto, com capacidade para sofrer e responder ofensivamente sempre que possível, pode trazer algo de Munique.

Na quinta-feira o Sporting de Braga recebe o Shaktar Donetsk. O adversário mais complicado que enfrentou até agora. Tem rotinas de Liga dos Campeões um treinador muito experiente.

Pelo caminho e sem apelo, ficaram já Schalke 04 e Anderlecht. O Braga não quer fazer parte deste registo mas tem a consciência de que este será até ao momento, o seu maior desafio.

Os avisos estão lançados mas a ambição de Paulo Fonseca e dos seus jogadores é muita, como temos podido comprovar nesta longa caminhada. O sonho de seguir em frente está presente mas a equipa terá de ser inteligente na eliminatória - e já nesta primeira abordagem, em casa.

Será um onze diferente do apresentado na Luz? Provavelmente haverá mudanças, mas já se viu que a equipa não tem apenas onze titulares. Mérito para a qualidade do plantel e para a capacidade de resposta dos jogadores, na rotatividade imposta por Paulo Fonseca.

Acredito que será assim no jogo. O optimismo e a confiança existem e acredito que a resposta vai ser boa - permitindo encarar com a mesma dose e reforçada ambição o jogo da segunda mão.

Boa sorte aos dois!