Pedro Moreira viu recompensado o regresso ao futebol português com a promoção do Arouca à II Liga, antecipada devido à pandemia de covid-19.

«Foi uma sensação boa, porque é sempre uma subida de divisão e o clube merecia isso. Apesar de não ter sido dentro de campo, estávamos muito focados nesse objetivo e com certeza o desfecho seria idêntico se o campeonato continuasse. A festa foi diferente, em casa e longe uns dos outros, mas saborosa», disse o médio à agência Lusa.

A Federação Portuguesa de Futebol indicou Vizela e Arouca, os dois clubes mais pontuados das quatro séries do Campeonato de Portugal, para a ascensão à II Liga, prescindindo dos play-offs, numa opção que gerou polémica.

«Há sempre pessoas que vão concordar ou não. Claro que estamos contentes, porque fomos um dos favorecidos no meio disto tudo, mas compreendo perfeitamente que possa não ser justo para alguns. Há pessoas certas para tomar estas decisões superiores. Só temos de respeitá-las e fazer o nosso trabalho dentro de campo», sustentou.

Pedro Moreira, de 31 anos, esteve desempregado até meados de fevereiro e demorou um par de semanas para se estrear na goleada caseira ao Ginásio Figueirense (9-0), em 08 de março, logo antes da pausa imposta pelo novo coronavírus.

«Encontrei um ambiente fantástico, receberam-me muito bem e senti-me respeitado. Voltei a ter sentimentos que já não sentia há algum tempo, como acordar de manhã com vontade de ir treinar. Tive propostas do estrangeiro, mas o objetivo era voltar a ser feliz e a jogar futebol e quis ficar por cá, porque o dinheiro não é tudo na vida», contou.

Para trás ficou uma etapa «pouco positiva» ao serviço do Hermannstadt, da I Liga romena, que proporcionou a primeira experiência fora da zona de conforto, mas veio confirmar o «arrependimento» de ter rejeitado a proposta de renovação apresentada pelo Rio Ave no verão de 2018, quando era capitão, sentia-se «em casa» e «tinha um bom salário».

«Queria experimentar algo novo e fui para fora com ambições, mas fiquei um bocado desiludido com as condições amadoras do clube, a forma como a direção lidava com os jogadores e o próprio futebol. Sem me agradar muito, foi uma experiência boa para crescer em alguns sentidos e ajudar-me no futuro em outras coisas», avaliou o jogador que em Portugal tinha representado Boavista, Portimonense, Gil Vicente e Rio Ave e FC Porto B.

Com formação repartida entre Lousada, Boavista e Pasteleira, Pedro Moreira mostra «felicidade e orgulho» pela «carreira bonita e interessante», à qual «ficou a faltar uma presença na Liga dos Campeões e a chamada à seleção A», rumo que «podia ter mudado» caso tivesse conquistado algum espaço no plantel sénior dos dragões.

«Estava no auge quando era capitão da equipa B e treinava praticamente todos os dias com a equipa principal. Sentia que estava perto dessa estreia, mas não aconteceu. Não fiquei com mágoa, porque tenho um grande carinho pelo FC Porto e sempre me trataram bem. Provavelmente, a culpa não foi deles e devia ter dado um pouco mais», confessou.

O médio quer «jogar o máximo possível» até alguém o «empurrar para fora do campo», enquanto promete amadurecer a intenção de «tentar a sorte» como treinador.