O Maisfutebol desafiou os jogadores e treinadores portugueses que atuam no estrangeiro a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:

PEDRO OLIVEIRA, US CRÉTEIL-LUSITANOS (FRANÇA)

«Olá a todos.

A partir de agora, vou escrever para as crónicas Made in Portugal.

Nasci no Porto há 31 anos mas não sou velho para o futebol! Em Portugal ainda há este estigma...

Comecei a jogar futebol no clube da família, o Boavista! Comecei em 88/89, com o já desaparecido Jaime Garcia. E por lá fiz toda a minha formação. Foi no tempo em que não se pagava para jogar futebol!

A única coisa exigida pelo ««mestre» era que não viessem com camisolas de outros clubes. Então quem levasse a do rival FC Porto não se livrava de um puxão de orelhas e uma pequena praxe!

Fui campeão distrital em Escolinhas e Infantis e nacional em Infantis, Iniciados e Juniores. Dois títulos com o Mister Libório e o de juniores com outro grande senhor que já não está entre nós, Mister Queiró!

Joguei com grandes jogadores como o Raul Meireles, Bosingwa, Ricardo Costa e outros. Mas o que de melhor tinha o Boavistão era a formação de homens. Ainda hoje me relaciono com pessoal que jogou comigo há 20 anos!

Depois foi a passagem (difícil de engolir para a família) para o FC Porto. Já como sénior de 1º ano. Fui com o meu companheiro de muitas guerras, Ricardo Costa.

O mentor da mudança foi o Mister Ilídio Vale, uma pessoa idónea, que formou um grupo de campeões na Equipa B, um grupo que funcionava verdadeiramente como uma rampa de lançamento (Postiga, Bruno Alves, Tonel, Paulo Machado, Vieirinha, Hugo Almeida, etc.) para a equipa principal.

Lá conheci a mística que tanto se fala, mas só quem está por dentro, sente. No 3º ano tive a possibilidade de trabalhar com O treinador: José Mourinho! Sentia-me uma formiga quando entrava num balneário com Deco, Baía, Jorge Costa, Folha, Costinha, Secretário, Maniche, Benni McCarthy,etc.

Seguiram-se empréstimos a Académica, Leixões e V. Setúbal, aqui por duas épocas.

Em Coimbra, senti muitas dificuldades. É um clube com tradições e estrutura, mas muito complicado. Era o Artur Jorge o treinador, mas já não era o mesmo que tinha sido campeão europeu pelo FC Porto em 1987.

No Leixões, foi um sentimento agridoce. Época abaixo das expectativas para quem tinha investido tanto, mas a nível pessoal, muito boa! Joguei, marquei e fiz grandes amigos. Era um grupo liderado pelo mister Abílio Novais e feito a imagem dele e do presidente José Manuel Teixeira.

Em Setúbal, encontrei um grupo também ele fantástico! Sempre com problemas financeiros, mas com um espírito de grupo que fazia ultrapassar todas as dificuldades.

E não há como esquecer as duas finais de taça! A primeira que vencemos contra o campeão Benfica e a segunda perdida para o campeão Porto. Recordo a Luisa Todi com uma multidão imensa que nem o asfalto permitia ver!

Depois, o típico. Com tantas dificuldades financeiras em Portugal, deixei de ser piegas e emigrei. Passei por Roménia e Itália, regressando para jogar no Portimonense.

Nesta altura, represento o Créteil no terceiro escalão de França. Somos líderes e já ninguém duvida que para o ano estaremos na Ligue 2.

A tudo isto, junto ainda 55 jogos pela seleção nacional, repartidos por todos os escalões, desde os sub-15 até à seleção B. Eis um pequeno apanhado da minha carreira. Podia ser mais rica, mas não me queixo. Faço o que gosto e nunca atropelei ninguém para aqui chegar.

Abraço a todos e VIVA PORTUGAL!


Résumé Le Poiré-Sur-Vie - US Créteil-Lusitanos... por ffftv