O Maisfutebol desafiou os jogadores e treinadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:

Críticas ou sugestões? Escreva-nos para madein@iol.pt

PEDRO OLIVEIRA, CRÉTEIL-LUSITANOS (FRANÇA)

«Boa tarde,

Saúdo com muito entusiasmo todos os leitores do Maisfutebol. Lá se foi mais uma época de trabalho, sangue, suor...e mais trabalho. Mas já dizia o poeta. «Tudo vale a pena, se a alma não é pequena»

O ano desportivo em Créteil começou como um sonho. Naquela altura parecíamos um Real Madrid ou Barcelona. Foram 13 vitórias em 14 jogos e assim continuou. No total, 28 jornadas de altíssimo nível, 67 pontos, o melhor ataque da prova e a terceira melhor defesa.

Já nas últimas dez jornadas, como é normal, facilitámos. E facilitámos porque...estava ganho!

«On est champions, on est champions!»

Foi esse o grito de guerra. Não foi entoado por milhares de gargantas porque, o USCL (Créteil) ainda é pequenino e não tem a moldura humana da outra equipa parisiense nos campenatos profissionais, o novo-milionário PSG! Mas quem cantou, cantou até que a voz lhe doesse.

Uma subida à Ligue 2, com o título de campeão e com a presença em 34 dos 38 jogos da equipa foi o resumo deste meu primeiro ano em terras gaulesas.

Sou o único representante tuga no grupo de jogadores (e usei um cachecol de Portugal na festa do título) mas há mais nomes portugueses a contribuir para este feito, único na história do clube.

Armando Lopes (presidente) encabeça a lista, logo seguido pelo filho, Fernando Lopes e Francisco Cunha, que ocupam cargos de chefia. José Ferreira é o diretor desportivo, Joel Gomes o diretor de imprensa e Daniel Gonçalves controla o Facebook oficial do clube. Amândio Adubeiro é o «faz-tudo»! Roupeiro, diretor e o homem que trata de tudo em termos de logística e planeamento da época.

Esta é a nossa malta.

Para o ano há mais, e por cá. O presidente Armando Lopes continuará a apostar em mim e o clube já começou o recrutamento. Sei que têm dado atenção ao campeonato português e Seria bom ter mais um ou dois guerreiros lusos nesta equipa.

Quem pena que a vida de jogador é fácil, que pense melhor. Fazemos o que gostamos, é certo, mas com muitos sacrifícios. São muitos os que, como eu, emigram, deixam família e as coisas que mais gostam em stand-by, em busca de um salário que os ajude a fazer um pé-de-meia para quando isto acabar.

Se a vida são dois dias, então a de um jogador de futebol são para aí duas horas! São dez anos a juntar para não gastar nos próximos trinta.

Quero agradecer ao Maisfutebol, na pessoa do Vítor Hugo Alvarenga, por ter com esta iniciativa dando voz a centenas de jogadores que deixaram as «pieguices» de lado e estão extramuros a lutar pela vida e a (tentar) elevar bem alto o nome da nação.

Até breve,

Pedro Oliveira»