Artigo atualizado, a partir da publicação original a 17 de Maio de 2012

O ano louco de Pedro Proença termina a apitar a final do Campeonato da Europa. O juiz português vive um período de excelência, de resto, depois de já sido escolhido para dirigir a final da Liga dos Campeões. Nem sempre foi assim.

Os tempos do andebol e o coração benfiquista

Dez meses apenas passaram, por exemplo, sobre a cobarde agressão de que foi vítima no Centro Comercial Colombo. Desistir não chegou sequer a ser uma opção. O árbitro suportou a dor da ignomínia e voltou aos relvados vestido na atitude de sempre: seguro e tenaz.

Está, por isso, a ser recompensado em toda a linha.

Aos 41 anos, Pedro Proença divide os dias entre a arbitragem, a família e o trabalho de diretor financeiro numa empresa. Dias felizes. Obcecado pela perfeição, intransigente na abordagem racional à vertente profissional, é um nome de consenso nos corredores da UEFA e de discórdia entre a trama disfuncional do futebol português.

«É rápido e joga bem à bola: é um atleta»

«Poucos árbitros teriam a capacidade emocional que o Pedro teve. Foi agredido, ferido e três dias depois estava a treinar.»

Pedro Henriques resume desta forma a obstinação de Proença. O ex-árbitro e comentador Maisfutebol/TVI vai mais longe no desenho psicológico do colega.

«Deu a volta por cima. Ele é assim. Possui características muito próprias de tenacidade, teimosia e motivação. É aquela pessoa que não deixa de fazer a sua vida normal, depois de um dia mau. Diz que é humano e que tem direito ao erro.»

Para Pedro Henriques, Pedro Proença é «fisicamente, um dos melhores árbitros». «É rápido e joga bem à bola. É um verdadeiro atleta. Tem uma boa imagem e revela segurança nas decisões que toma. A UEFA aprecia todos estes sinais.»

A «postura guerreira, a força de vontade e o espírito de conquista» são outros elementos importantes na definição do árbitro internacional.

59 jogos europeus, 24 anos de carreira e nove épocas de estatuto internacional colocam Pedro Proença num patamar de luxo. Até porque a avaliação da UEFA não passa pelos jogos nacionais, diz Pedro Henriques «Para a UEFA o que conta é a avaliação dos jogos europeus. É importante que se saiba isso.»