São preocupantes as notícias que nos chegam diariamente de várias latitudes, relativamente ao avanço da pandemia da Covid-19.

Os EUA são o país com maior número de casos, e também com mais mortos registados, continuando esses números a avançar diariamente de forma avassaladora.

É lá que encontramos Pedro Santos, jogador de 31 anos, que partiu em busca do sonho americano depois de três épocas de alto nível ao serviço do Sp. Braga.

O jogador do Columbus Crew revela-nos que no Estado onde vive os números da pandemia parecem controlados e relata como viu a cidade mudar rotinas devido à doença.

Ainda assim, assume alguma preocupação, também justificada pelo facto de ter dois filhos pequenos – de cinco e um ano e meio. Apesar de um relativo otimismo.

Maisfutebol: Qual o seu sentimento nesta fase, relativamente à pandemia?

Pedro Santos: Agora está mais complicado porque há uma incerteza no ar. As coisas não estão a ser resolvidas tão rápido como eu achava que se iam resolver. Quando parámos o campeonato a indicação era que seria até final de abril, maio… e o que se diz agora é que se calhar só em agosto. E mesmo assim é tudo sem certeza. Estamos na expectativa para ver o que vai acontecer. Vamos ver se conseguimos travar isto o mais rapidamente possível para voltar à vida normal.

MF: Que mudanças se sentem na cidade?

Pedro Santos: O Governador mandou fechar tudo muito cedo. Quando os países europeus começaram a fechar, ele fechou também, não esperou que chegasse cá. As principais mudanças foram o encerramento das escolas, cinemas, centros comerciais. No fundo, todos os locais onde pudesse haver um maior aglomerado de pessoas.

MF: De resto, tudo normal?

Pedro Santos: Nos supermercados as coisas também estão feitas paras que as pessoas não tenham grande contacto: nas caixas há linhas para respeitar distâncias e agora nos corredores também há setas, para impedir que as pessoas se encontrem de frente. Andam todas no mesmo sentido. E as pessoas têm estado a cumprir ao máximo.

MF: As medidas em Ohio foram decretadas antes de grande parte dos EUA?

Pedro Santos: Não. Mas quando o [presidente Donald] Trump decretou as medidas de confinamento a nível nacional, houve Estados que não cumpriram. Há um Estado que ainda agora não fechou as escolas. Aqui, em Ohio, as medidas foram implementadas muito cedo e as pessoas tem respeitado.

MF: Sente-se a preocupação da população?

Pedro Santos: Sim, sinto isso. Nós temos tido encontros entre os elementos da equipa e também com o médico do clube, que nos dá os updates da situação. E existe uma preocupação grande. Mas por outro lado há também muito otimismo de que as coisas vão melhorar rapidamente.

MF: Sentiu que a pandemia foi desvalorizada no país numa fase inicial?

Pedro Santos: Sim, senti. Mesmo quando já ouvíamos falar da existência de casos, nada foi feito e deixaram a pandemia evoluir um bocado. Quando fizeram alguma coisa, em alguns Estados já foi demasiado tarde.

MF: Como em Nova Iorque…

Pedro Santos: Sim. Ali existe o mundo todo num Estado só e foi difícil de conter o contágio. Devia ter-se atuado com mais antecedência para impedir a dimensão do contágio. Nova Iorque é o Estado que está a ser mais afetado pela doença. É ali o centro do maior problema no país.

MF: Entretanto foi decretado estado de calamidade em todos os Estados.

Pedro Santos: Sim. O país está parado, como acontece noutros países. A uma situação é complicada, apesar de já ser expectável que isto pudesse acontecer e os EUA fossem um dos países mais afetados. E diz-se que só vamos atingir o pico na próxima semana, por isso temo que as coisas possam piorar um pouco mais.

MF: Tem ideia do número de casos em Columbus?

Pedro Santos: Sim, não sei se a estimativa é real, mas há cerca de 900 casos. Numa população de cerca de um milhão de pessoas. Ou seja, não é muito preocupante neste momento.

MF: Como está a conseguir gerir esta fase, com dois filhos pequenos em casa?

Pedro Santos: Até nem tem sido difícil. É claro que eles gostam de sair à rua e brincar, mas tento sair um pouco com eles para caminharem e apanharem um pouco de ar. Têm passado o tempo a brincar. Eu tenho passado mais tempo como eles. Com o mais velho tenho tentado que ajudá-lo com as aulas de inglês que ele já estava a ter, para não parar.