A Académica visita a Luz no melhor período da época. Sem conhecerem o sabor da derrota nos últimos cinco jogos (quatro empates e uma vitória), os estudantes respiram confiança, sabem que já não descem de divisão, e começam agora a pensar noutros voos, sempre a olhar para cima.

A barreira dos 30 pontos, semana após semana imposta pelo treinador, ainda não foi atingida, mas o pecúlio da equipa está perfeitamente ao alcance de um «arredondamento» que levará, automaticamente, a uma mudança de discurso. Que, em rigor, até já foi ensaiado

A ideia é ficar entre os oitos primeiros lugares da tabela, se possível, quem sabe, igualar ou superar o sétimo posto alcançado com Domingos Paciência em 2009, a melhor classificação dos estudantes nos últimos 29 anos.



Sérgio Conceição já assumiu, publicamente, o desejo de fazer história no seu clube do coração. Depois de não ter conseguido terminar a carreira como jogador de losango ao peito, quer marcar o regresso a casa, agora na pele de treinador, com algo de substancial. Depois, quem sabe, será tempo de assumir um projeto de outra monta. Uma ambição que também nunca escondeu.

Para já, a equipa está metida na confusão entre candidatos europeus, no décimo lugar, é certo, mas a apenas dois pontos do sexto, propriedade do Sp. Braga, sobre quem tem vantagem no confronto direto fruto da vitória no Minho e do empate, há uma semana, em Coimbra.

Ano novo, vida nova

A Académica continua a marcar pouco, mas aplica tão bem cada golo que, até agora, todos eles valeram pontos. Não existe, sequer, um goleador destacado no plantel, mas um quarteto, Cleyton, Fernando Alexandre, Magique e Makelelé, todos com dois remates certeiros. Há, porém, outro fator que tem permitido regularmente à Briosa pontuar: a capacidade de manter as redes invioláveis.

A equipa de Coimbra detém a melhor defesa da segunda volta, com apenas dois golos consentidos contra os três do Benfica. No total, a Briosa tem a quarta melhor defesa da prova (22 golos), em igualdade com o Estoril, e logo atrás dos três grandes.

Ricardo, numa época excecional, tem grande dose de responsabilidade nesse bom desempenho defensivo (defendeu, por exemplo, uma grande penalidade frente ao FC Porto, e mais quatro na Taça de Portugal), mas, como relembra amiúde o técnico, todos contribuem, do guarda-redes ao ponta-de-lança.



O percurso dos capas negras não foi, todavia, muito regular. A viragem aconteceu com a chegada do novo ano e o início da segunda volta: três vitórias seguidas logo a abrir, uma delas para a Taça de Portugal, com o Beira Mar, e um total de quatro jogos sem perder. Mas até atingir esse ponto, os conimbricenses andaram sempre no último terço da tabela e até tiveram um arranque de temporada tortuoso.

A primeira vitória só aconteceu à quarta jornada, diante do Belenenses, um concorrente direto (pelo menos nessa altura), e a equipa chegou a estar, por pouco tempo, em zona de despromoção.

Pontos altos: vitórias sobre o FC Porto e em Braga

O primeiro grande sinal de melhoria dos estudantes dá-se em Braga, quase no final de Outubro, quando vencem a equipa de Jesualdo Ferreira e colocam ponto final a 46 anos sem triunfos na casa dos arsenalistas.

Pouco depois, na receção ao FC Porto, outra vitória histórica, esta já com 43 anos de espera pelo grande momento. A formação de Coimbra entrava pela primeira vez no top 10 da tabela, pois antes do triunfo frente aos portistas também tinha ido ganhar a Olhão.

Não fossem as derrotas, no Bonfim e em V. Guimarães, e a retoma poderia ter sido declarada ainda em 2013. Demorou mais um pouco, à semelhança dos tais 30 pontos que, depois de vários «match points», ainda não entraram na contabilidade estudantil.

Além dos dois «borregos», os estudantes vingaram-se da copiosa derrota em casa com o Sporting na segunda jornada (0-4) com um precioso nulo em Alvalade. Com o Benfica, ainda só jogaram uma vez esta temporada, na primeira volta do Campeonato, e a visita a Coimbra foi tranquila para às águias: 0-3.

Em suma, os encarnados terão à sua espera uma equipa sólida, realista, com alguma dose de experiência, e, por este dias, muito tranquila. Tudo que lhe acontecer daqui para a frente, só pode ser para melhorar.