Costuma dizer-se que um azar nunca vem só.

E a verdade é que Alexi Stival, que todos no mundo do futebol conhecem por Cuca, já foi perseguido por muitos azares ao longo de uma carreira de 15 anos como técnico.

Tanto assim foi que o técnico do Atlético Mineiro até já foi apelidado de «o azarado».

Evoluído taticamente, com uma clara influência europeia na forma como monta as suas equipas, Cuca destoa de uma certa imagem de voluntarismo e pouco rigor de alguns técnicos brasileiros.



Foi precisamente com essa idade, 50 anos, que o sucesso lhe bateu, finalmente, à porta, ao conquistar, com muito mérito e uma pontinha de sorte, a Libertadores 2013.

Religioso, Cuca não escondeu, na hora dos festejos, a gratidão por Nossa Senhora de Aparecida e levantou a cabeça para os céus, agradecendo: «Obrigado por ter afastado esse azar!»

O sucesso na final frente ao Olimpia foi o maior momento, mas não se pense que este foi o primeiro êxito da carreira de Cuca. O técnico salvou o Fluminense da descida de divisão, quando isso parecia tarefa impossível, em 2009. No ano seguinte, voltou a destacar-se, com o excelente segundo lugar do Brasileirão, com o Cruzeiro.

Como jogador, destacou-se no Grêmio de Porto Alegre e chegou a atuar em Espanha, no Valladolid. Somou passagens por muitos outros clubes brasileiros e até chegou à seleção brasileira. Curiosamente, apenas teve uma oportunidade de vestir a canarinha: foi frente ao Paraguai, num amigável que terminou empatado (1-1), em 1991.

Mas Cuca será daqueles casos em que poderemos estar a falar de um jogador razoável que se terá transformado num grande treinador.

Na transição do relvado para o banco, estudou, preparou-se, formou-se em Educação Física.

O «professor» Cuca demorou sete anos a fazer essa transição e estreou-se como técnico no Uberlândia. Mas o reconhecimento demorou alguns anos e só terá ocorrido em 2003, no Goiás. Passou o clube do último posto para o nono lugar, com consequente classificação para a Taça Sul-Americana.

Em 2004, levou o São Paulo às meias-finais da Libertadores, mas a saída não foi pacífica. Seguiu-se o Grêmio, clube que o celebrizou como jogador. Mas no banco as coisas não correram bem. A fama de azarento reforçou-se com as passagens frustrantes no Flamengo, Coritiba e São Caetano.

A reabilitação surgiu no Botafogo: dois anos em grande, a colocá-lo entre os treinadores brasileiros mais credenciados.

O respeito e a qualidade eram já evidentes. Mas faltavam títulos ao percurso do treinador Cuca.

Eles surgiram finalmente em 2009, no regresso ao Flamengo: no «rubro-negro», foi tricampeão carioca e logo frente ao «seu» Botafogo.

Chegou, então, o regresso ao Fluminense, naquele que terá sido o seu melhor trabalho, antes da entrada vitoriosa no Galo. No Flu, fez o «milagre» de evitar uma descida que parecia inevitável. No Cruzeiro, foi segundo no Brasileirão 2011.

No Atlético Mineiro, e até este fantástico título sul-americano, tinha já como créditos um título estadual mineiro e o segundo posto do Brasileirão 2012.

O notável percurso nesta Libertadores 2013, assente numa equipa com quatro grandes estrelas (Ronaldinho, Bernard, Jô e Tardelli) e num esquema tático de 4x2x3x1, tirou todas as dúvidas quanto à dimensão de Cuca.

Exigente, o treinador pediu reforços à direção, logo a seguir à conquista do título sul-americano, para sonhar com o título mundial em dezembro.

Pois é: parece que já não tem mais azar para Cuca.

CUCA

Nome: Alexi Stival

Data de nascimento: 7 de junho de 1963

Naturalidade: Curitiba

Percurso como treinador: Uberlândia, Avaí, Brasil de Pelotas, Inter de Limeira, Remo, Inter de Lages, Gama, Criciúma, Paraná, Goiás, São Paulo, Grêmio, Flamengo, Coritiba, São Caetano, Botafogo, Santos, Fluminense, Cruzeiro e Atlético Mineiro

Percurso como jogador: Santa Cruz, Juventude, Grêmio, Valladolid, Internacional, Palmeiras, Santos, Remo, Chapecoense, Coritiba