Gordo? Até pode ser que sim. Mas cada vez mais goleador e isso não deixa de ser surpreendente.
Walter tem todo o perfil do anti-craque. Não respeita os trâmites exigíveis para a alta competição. O peso a mais é evidente. A irregularidade exibicional que acusou quando passou pelo dragão também não ajudou a construir imagem de imprescindível na casa portista.
Mas a verdade é que Walter marca que se farta. Já vai em oito tentos nesta edição do Brasileirão, 21 golos no total da temporada (com o estadual), valor que o coloca entre os avançados de referência do futebol brasileiro neste momento.
A marca é especialmente importante se nos lembrarmos que é feita ao serviço de um clube de segunda linha do Campeonato Brasiliro, o Goiás. E também merece especial atenção que a maioria dos golos marcados tenham sido nas jornadas mais recentes.
Na última partida, frente ao Grêmio de Porto Alegre, Walter voltou a ser decisivo para as aspirações da sua equipa, ao assinar dois golos, um deles de belíssimo efeito: aos 71 minutos, recebeu um passe do meio campo, passou a bola por cima do adversário e, cheio de confiança, executou um potente remate.
Walter Henrique da Silva tinha tudo para não conseguir vencer na vida.
Não é só a fisionomia pouco recomendável para um jogador de alta competição. São também as origens marcados pela violência familiar e por um quadro social que implicaa fortes riscos de acabar mal: «Se não fosse o futebol, talez fosse bandido», contou o avançado, em longa entrevista dada em agosto ao «Globo Esporte».
Filho mais novo de seis irmãos, Walter cresceu num ambiente tenso, com medo de ser apanhado por uma bala perdida: «Minha mãe saía atrás de mim louca por causa do tiroteio. Já invadi muito a casa dos outros. Nem conhecia. Entrava na primeira casa que via». No meio desta realidade, Walter não tem dúvida: «O futebol me salvou de muitas coisas. Você está numa favela, sem estudo, ou ia trabalhar com qualquer coisa ou ia ser bandido.»
Exagero? Talvez não. O jogador chegou a ter cinco irmãos e escrevemos «chegou» porque um deles, Waldemir, foi assassinado, em mais uma de tantas vítimas do mundo da criminalidade no Brasil.
Se é isto que dá uma força especial a Walter, será difícil de dizer. A verdade é que o avançado que o F.C. Porto cedeu ao Goiás é um homens do momento do Brasileirão.
No Dragão, nã conseguiu convencer a ponto de ser titular ou, sequer, de ser inscrito na Champions. Mas aquele instinto quase selvagem, certamente improvável, pelo golo foi mostrado em momentos como aquela goleada, a 15 de outubro de 2011, para a Taça de Portugal, frente ao Pêro Pinheiro: 0-8, com quatro-golos-quatro a serem apontados pelo goleador brasileiro.
Com menos uns quilos, até onde poderia chegar Walter?
WALTER
Nome: Walter Henrique da Silva
Data de nascimento: 22 de julho de 1989 (24 anos)
Naturalidade: Recife, Brasil
Posição: Avançado
Altura: 1, 76
Peso: 93 quilos
Percurso: São José (2007), Internacional Porto Alegre (2007-2010), F.C. Porto (2010-2012), Cruzeiro (2012), Goiás (2012, 2013)
Principais títulos: Copa Libertadores (2010), Liga Europa (2011), Copa Sul-Americana (2008), duas ligas portuguesas (2011 e 2012), uma Taça de Portugal (2011), duas Supertaças Cândido de Oliveira (2011, 2012), Série B do Brasileirão (2012), dois estaduais gaúchos (2008, 2009), Sul-Americano sub-20 (2009)
Veja o golaço de Walter ao Grêmio:
Brasil
6 set 2013, 14:55
Perfil: Walter, o «gordo» que se farta de marcar
O peso a mais é visível, mas a capacidade concretizadora não pára de surpreender
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