Abordado o assunto «As Especificidades dos Talentos sob o Olhar dos Jogadores de Elite e Scouts», o II Congresso Internacional de Periodização Tática prosseguiu com as participações de Carlos Carvalhal (Rio Ave) e Alain Casanova (Toulouse).

Os dois treinadores, que dispensam qualquer tipo de apresentação, debruçaram-se sobre o tema «Ideias de Jogo a Top». Ambos partilharam vivências das longas carreiras, sobretudo Carvalhal que recordou os três passados em Inglaterra.

«Não fomos para o Sheffield com a ideia de jogar o típico futebol inglês. Encontrámos o clube no momento certo para construir e contratar. Fomos à procura de jogadores com talento que ninguém queria. O Bannan é um dos melhores médios do Championship. Era um anão e ninguém lhe ligava nenhuma. Vimos vídeos dele e ao fim de dez minutos decidimos ir buscá-lo. Veio de borla. O Wallace estava no Celtic, o Hopper no Norwich que não o queria. Em média mediam 1,77 metros. Juntámos todos para tentar jogar», contou o treinador do Rio Ave.

O técnico luso destacou ainda as dificuldades de disputar sete jogos em 20 dias, algo tradicional no futebol britânico. Segundo Carvalhal, o segredo para ter sucesso passa por realizar uma boa pré-época.

«A pré-época é fundamental. Os princípios têm de estar bem definidos. Durante a época não há tempo. O João Mário [adjunto] trabalhava a nossa linha defensiva quase todos os dias. Nas paragens internacionais, os jogadores que não estavam connosco voltavam e esqueciam-se de muitas coisas que tinham de fazer. Bastavam dez dias para perderem o padrão comportamental», esclareceu, antes de continuar o raciocínio. 

«A fadiga pode não te deixar jogar, mas a tua organização defensiva sustenta isso. Conservas o nulo e talvez acabes por marcar. Não é ópera todos os dias. Queremos tocar a nossa música, mas num ciclo de dez jogos as condições podem ser distintas. A arte e o engenho dos treinadores é que ditam o sucesso nestas situações de limite.»