Miguel Perrichon, 71 anos acabados de fazer e um sonho. O herói da conquista da Taça de Portugal em 1966 quer «ver o Sp. Braga campeão». Ele estará no México a acompanhar tudo, como sempre. Será homenageado neste sábado.

O C.D. Celeirós vai recordar os jogadores bracarenses que conquistaram a Taça de Portugal frente ao V. Setúbal, garantindo o único troféu de topo para o Sp. Braga em solo luso. Já em 2008, a equipa venceu o derradeiro título da Taça Intertoto.

A final de 22 de Maio de 1966 teve um ator principal. Miguel Perrichon apontou o único golo do encontro, para surpresa do detentor da Taça. O argentino não marcará presença na homenagem aos heróis desse encontro mas estará ligado ao evento. Aliás, nunca deixou de acompanhar o Sp. Braga.

«O meu filho Miguel Angel vai-me dizendo os resultado e sei que o Sp. Braga pode lutar pelo título este ano. Na altura, era um clube pequeno e aquela Taça foi inesquecível. No sábado, vão ligar-me desde o local da homenagem. Espero não me emocionar demasiado para poder falar.»

«Espero ter a oportunidade de ir a Portugal»

Miguel Perrichon fala com uma jovialidade inquietante. Argentino de Córdoba, vive agora em Irapuato (México). Durante a conversa com o Maisfutebol, o telemóvel passa das suas mãos para o filho Miguel Angel e também para a mulher, a mexicana que o fez ficar por lá.

«Gostava de estar aí para a homenagem mas espero que, se o Braga for campeão, tenha a oportunidade de ir a Portugal antes de acabar a competição. Adoraria conhecer o novo estádio e saudar os meus companheiros de 66. Três deles já não estão connosco», lamenta Don Perrichon, saudosista.

O herói arsenalista chegou a Portugal em 1964, então para o Boavista. Rumou a Braga no ano seguinte, o ano da glória no clube minhoto. Partiu para o México, voltou ao Boavista e passou pelo União de Coimbra sem perder as ligações à cidade dos Arcebispos. Um dos seus filhos nasceu lá.

«Naquela altura o Braga era equipa pequena»

Miguel Perrichon jogou ainda no Canadá e nos Estados Unidos antes de terminar a carreira. Para a história, fica o tento decisivo no Estádio do Jamor.

«Foi um dia inesquecível. Lembro-me que o V. Setúbal nos tinha ganho por muitos no campeonato. Repito, naquela altura o Braga era uma equipa pequena. Mas conseguiu ganhar esse jogo e é um imenso orgulho para mim estar na história do Sp. Braga. Nem imagina. Quero saudar todos os bracarenses, tenho muitos amigos aí», frisa.

O argentino sabe que haverá jogo grande neste fim-de-semana. «O Braga vai jogar com o Porto, mas é onde? Em Braga? Menos mal, que em Portugal os árbitros são muito gatunos. Favoreciam sempre o Benfica, o Sporting e imagino que agora o Porto.»

Despede-se com um sorriso na voz e um agradecimento. «Obrigado por se lembrar de mim».

«Marcou um golo ao pai de José Mourinho»

Miguel Angel, o filho, junta-se à conversa. Afinal, se o tema é Braga, nada como um minhoto. «É verdade, eu nasci em Braga. Foi em 1974. O meu pai tinha conhecido a minha mãe no México, em Irapuato (onde estamos agora) mas depois ainda voltou a Portugal. Jogava no União de Coimbra mas mantinha as ligações a Braga. Por isso mesmo, sou filho de Braga.»

«O meu padrinho é daí e o filho dele, Júlio Pinto, é quem me vai mantendo informando sobre a carreira do Sp. Braga. Depois conto tudo ao meu pai. Toda a família tem orgulho no que ele fez no clube».

Miguel Angel, em jeito de despedida, resume a final de 1966 com um orgulho desconcertante. «O meu pai marcou um golo ao pai de José Mourinho (Félix Mourinho). Em Irapuato, coração do México, todos sabem isso.

O Sp. Braga não esquece essa Taça de Portugal. Don Miguel Perrichon também não.