Carlos Carvalhal tem um enorme problema entre mãos para resolver ao longo da próxima semana até ao jogo com o Benfica. O Sporting bateu o Pescadores no Restelo por 4-1, mas deixou claro que muitos dos problemas que tinha com Paulo Bento continuam bem presentes. A equipa da Caparica desmontou o 4x3x3 do novo treinador e chegou ao intervalo a vencer por 1-0, obrigando Carvalhal a mudar muita coisa para virar o jogo com quatro golos em vinte minutos na segunda parte.
As primeiras sensações apontavam para uma mudança radical, com o 4x3x3 de Carvalhal a oferecer mais mobilidade, dinâmica e velocidade do que o estático losango de Paulo Bento. Pereirinha, Moutinho e Veloso iam descaindo ora para a direita, ora para a esquerda, apoiando Abel e Grimi nos corredores. Mais à frente, Matias, Liedson e Vukcevic procuravam baralhar a defesa contrária com constantes movimentações.
No entanto, os problemas de fundo de Paulo Bento continuavam bem vivos. Uma defesa ainda com muitos problemas de confiança e um ataque sem profundidade, com Liedson longe da zona de finalização, sempre a bailar por todo o relvado à procura da bola. Além disso, a equipa a apresentava-se coxa, com Pereirinha a trabalhar bem com Abel sobre a direita, mas com Grimi sem conseguir acertar o passo com Vukcevic no lado contrário.
A realçar os muitos problemas dos leões esteva uma equipa do Pescadores corajosa, a jogar de igual para igual, com um jogo aberto, sempre a procurar a sua sorte. E não foi preciso esperar muito para a conseguir. Tozé [grande exibição] ganhou uma bola na zona central, foi progredindo em esforço, rodeado por três adversários e, sem ninguém esperar por isso, ainda longe da baliza de Patrício, atirou colocado junto ao poste. O pior pesadelo dos leões começava a ganhar contornos surrealistas.
O Pescadores nunca baixou os braços e esteve muito perto de conseguir um segundo golo, tal foi a desorientação dos leões nos momentos que se seguiram ao golo. As poucas oportunidades do Sporting até ao intervalo - uma cabeçada de Liedson e um livre de Miguel Veloso - encontraram sempre as luvas do inspirado Madureira. Carvalhal, quase sempre de pé junto ao banco, com Sá Pinto nas suas costas, estava obrigado a mudar alguma coisa, muita coisa, dentro do que lhe fosse permitido.
Mas o novo treinador acabou por optar pela mesma solução do que o seu antecessor. Abdicou de Grimi [exibição desastrada], encostou Veloso à esquerda [onde é que já vimos isto?], juntando Postiga a Liedson no ataque. Moutinho e Matias dividiram as despesas no miolo, enquanto Pereirinha e Vukcevic abriam o jogo junto às linhas. Em 4x4x2, os leões encaixaram no esquema do Pescadores, ganharam consistência e, tirando proveito da nítida quebra física do adversário, viraram o jogo em poucos minutos, em dois lances de bola parada. Miguel Veloso empatou na marcação de um livre directo, enquanto Moutinho marcou numa grande penalidade a castigar uma falta sobre Liedson.
Um duro golpe para o Pescadores que acusou o toque e perdeu, já sem a frescura física inicial, a boa organização com que tinha travado os leões na primeira parte. O Sporting acelerou e, em poucos minutos, matou o jogo com mais dois golos, desta feita de bola corrida, primeiro com um remate colocado de Veloso, depois com Vuk a encontrar, finalmente, Liedson na zona de finalização. Carvalhal respirou de alívio e começou certamente a pensar no derby com o Benfica, trocando o levezinho por Saleiro.
A equipa da Costa da Caparica nunca baixou os braços e Serginho, num rápido lance de ataque, obrigou Tonel a travá-lo em falta, vendo o consequente vermelho que o afasta do jogo com Benfica. Carvalhal acertou a defesa com a entrada de Caneira [regresso ao fim de dois meses] para o lugar de Vuk e o jogo seguiu intenso até final. Tozé teve oportunidade soberana para reduzir, mas Saleiro também podia ter ampliado o resultado.