A audiência para determinar se Oscar Pistorius fica em prisão preventiva face à acusação de ter morto a namorada, Reeva Steenkamp, prosseguiu esta quarta-feira e terá nova sessão amanhã. O responsável policial pela investigação revelou que uma testemunha diz ter ouvido gritos naquela noite, e disse também que foram encontrados testosterona e agulhas em casa do atleta olímpico e paralímpico, bem como munições ilegais. A defesa procurou desmontar vários destes indícios.

A sessão foi dominada de manhã pelo depoimento de Hilton Botha. O agente da polícia disse não acreditar na versão de Pistorius, que disse ter confundido a namorada com um ladrão. Deu várias informações para sustentar essa tese, que a defesa depois contestou.

Os gritos ouvidos pela testemunha terão sido entre as duas e três da manhã, mas a defesa levou o agente a reconhecer que essa testemunha estava a 600 metros, e não pode assegurar que os gritos eram do casal. Quanto às substâncias encontradas, a defesa diz que não era testosterona, mas um «medicamento natural e legal».

Botha diz que a testemunha revela também que viu luz na casa, quando um dos argumentos de Pistorius era que estava tudo às escuras, por isso nem percebeu que a namorada não estava deitada na cama ao seu lado.

A polícia também diz que encontrou quatro telemóveis na casa e nenhum deles tinha sido usado para telefonar à emergência médica, o que Pistorius diz ter feito, enquanto a defesa argumenta que não foi tido em conta outro telemóvel do atleta, aquele que terá sido usado para essa chamada.

Também argumenta a polícia que há risco de fuga do suspeito, porque foram encontrados num cofre na sua casa registos de contas off-shore e de uma propriedade em Itália.

Para desmontar a versão de Pistorius, a polícia defendeu que os tiros no corpo de Reeva indicavam que esta estava num canto da casa de banho, escondida, e que foram disparados de baixo para cima, indicando que o atleta tinha colocado as suas próteses, o que este nega. Mas depois o advogado de defesa levou Botha a admitir não ter provas de que o atleta tinha as próteses postas.

Também diz o agente que Pistorius nunca se queixou à polícia de ter sido vítima de crime, argumento usado pelo atleta para explicar que entrou em pânico quando pensou que estava a ser assaltado.

A audiência prossegue na quinta-feira e Pistorius passará pelo menos mais um dia em detenção nas instalações policiais, a pedido da defesa. O juiz deve decidir nesta terceira sessão se o atleta pode ou não sair sob fiança.



(Artigo atualizado)