Não são propriamente especialistas em carros. Carla Coutinho, por exemplo, diz saber pouco mais do que conduzir - «e estacionar», frisa -, mas confia nos conhecimentos de Ana Ferreira, que conhece meia-dúzia de truques para fazer uma ligação directa. Na próxima sexta-feira, dia 29, embarcam na aventura de uma vida: o Plymouth-Banjul. Contam regressar dentro de um mês, se entretanto não forem trocadas por camelos.
Antes de mais, o que é o Plymouth-Banjul? «É um rally, assim ao jeito do Lisboa-Dakar, mas em pobre», garantem. A intenção é mesmo essa. As equipas aceites pela organização percorrem cerca de sete mil quilómetros, entre Plymouth (Inglaterra) e Banjul (Gâmbia), pelo meio das estradas europeias, do deserto e das praias africanas, até chegar ao destino. Como em qualquer outro rally, o maior objectivo é chegar ao fim.
Neste caso o objectivo é ainda mais audaz. No Plymouth-Banjul, os carros têm de valer até 200 euros (embora haja alguma flexibilidade). É com eles que as equipas se comprometem a percorrer os trilhos de Marrocos, Mauritânia e Senegal, até chegar à Gambia. Se o conseguirem, não regressam a casa. «Os carros que chegam ao destino são leiloados, com o dinheiro a reverter para instituições de caridade».
A primeira equipa portuguesa exclusivamente feminina
Os participantes vêm um pouco de todo o lado. Sobretudo da Europa, claro, mas também de África, dos Estados Unidos e até da Austrália. São pouco mais 250 equipas, divididas em quatro caravanas. A representação portuguesa faz-se com cinco formações. Ana e Carla são uma delas e a primeira exclusivamente feminina. Partem dia 29 do Porto e juntam-se ao rally em Tarifa (Espanha). Com a autorização da organização.
Pelo meio vão preparadas para o pior. «Já tomámos os tratamentos preventivos, as vacinas todas direitinhas, já percebemos os perigos que nos esperam». A organização distribuiu um DVD com imagens da primeira edição. Estava lá tudo. «Carros avariados, equipas perdidas no deserto, participantes apedrejados». Nada que as assuste. «Vamos preparadas para subornar tudo o que mexe», diz Carla. «Levamos um sorriso bonito».