[artigo atualizado]

O subcomissário da PSP Filipe Silva foi ouvido esta segunda-feira em tribunal por crimes de ofensa à integridade física devido a agressões a dois adeptos do Benfica, depois de uma partida em Guimarães, em 2015.

Filipe Silva disse que agiu daquela forma por pensar que ia ser agredido, tendo reconhecido, quando questionado, que sentiu medo face ao clima de tensão em torno desse jogo, que acabou por dar o título ao Benfica. «Todos os polícias, quando envolvidos em situações de confrontos, sentem medo», afirmou. 

Em tribunal, o subcomissário alegou que um dos adeptos agredidos o injuriou, o terá cuspido e ofereceu resistência à ordem de detenção, pelo que teve necessidade de recorrer à força, usando primeiro um cassetete e depois um bastão extensível. Disse ainda que foi agarrado «por trás» pelo pai daquele adepto, um «ataque» a que respondeu com dois murros.

«Agi da forma que foi possível naquele momento de grande tensão e de adrenalina. O nível de força que utilizei não ultrapassou os limites máximos das normas de execução permanente», referiu.

Os dois agredidos negaram, contudo, a versão do arguido.

Filipe Silva falou ainda especificamente do «palco» das agressões, dizendo que o contexto também tem influência.«É atípica e notória a ligação quase religiosa dos adeptos ao clube, estádio e cidade», referiu o agente no Tribunal de Guimarães. «Os adeptos do Vitória são muito aguerridos e muito mais barristas do que noutros estádios, o que faz com que sejam mais violentos quando a situação descamba para a violência», adicionou.

Em nota divulgada no site oficial, posteriormente, o Vitória fala em «afirmações graves» de Filipe Silva, que está a ser julgado por crimes de ofensa à integridade física qualificada, falsificação de documento e denegação de justiça e prevaricação, por ter indicado dados falsos no auto que escreveu depois do incidente.

«Não podemos ficar indiferentes às referidas afirmações, porquanto põem em causa toda a comunidade vimaranense e vitoriana, rotulando-a e estigmatizando-a de forma censurável», acrescenta o comunicado.