Acabam os campeonatos europeus, chega o verão e ganha destaque uma outra espécie de agentes do mundo do futebol: os empresários. Geralmente são homens, já com uma certa idade, alguns deles pouco simpáticos e até pouco sinceros. Mas há sempre exceções, claro. Raras exceções.

A mais bela chama-se Pollyana Morbach. É uma daquelas brasileiras de fazer parar o trânsito: loira, olhos azuis, escultural. Sorri muito, trata toda a gente por «meu querido» e representa alguns dos maiores craques canarinhos. Boa parte da seleção é, ou já foi, representada por ela.

Pergunta óbvia: ser uma loiraça de olhos azuis ajuda? «Ser mulher, por si só, acaba por ser um obstáculo», diz em conversa com o Maisfutebol «Claro que já melhorou muito, mas a cabeça das pessoas ainda é muito maldosa. Essa malícia é um preconceito e é um obstáculo.»

O dia em que teve de se impor perante um dirigente

Pollyana não mistura as coisas. Diz que nunca se envolveu com nenhum jogador, nem permite que os dirigentes estiquem a corda. «Quando se começa, precisamos de correr atrás das coisas e muitas vezes até nos humilhamos um pouco. Mas depois conquistamos o nosso espaço e tudo muda.»

«No início levava sempre um advogado: os dirigentes preferiam falar com ele. Eu era jovem e mulher, não acreditavam que eu era capaz. Até um dia que não aguentei e disse quem decidia ali era eu, o advogado só vinha comigo. O dirigente não sabia onde enfiar a cara...» conta.

Diz que no futebol é como em tudo, importante é encontrar alguém do outro lado «que seja sério e bom carácter», frisa que com o tempo ganhou o respeito e que já não é normal ouvir tantas bocas. «Tenho bom relacionamento com atletas de seleção e isso também facilita o mercado de interesse.»

«No início não tinha vida pessoal»

Seja desportivamente ou na venda dos direitos de imagem, Pollyana representa jogadores como Robinho, Neymar ou Roberto Carlos. «Evito fazer contratos com atletas, prefiro aproveitar a amizade e fazer pontualmente um negócio do que ter um jogador amarrado sem fazer o negócio girar.»

Mas nem sempre foi assim. «Já tive mais de cem jogadores», diz. «Representei vários campeões mundiais. Todos os que eram amigos ou que me procuravam e eram bons de bola, eu assinava. Vivia para eles. Não comia, nem dormia. Não tinha vida pessoal. Era um poço de problemas», sublinha.

«Tenho ótima relação com a maioria dos jogadores brasileiros, trabalho com grandes clubes e tenho muitos parceiros espalhados pelo mundo. O meu trabalho é muito mais baseado em cima de uma possibilidade de negócio do que trabalhar com quem tenho ou não contrato.»

Como tudo começou...

Pollyana está completamente inserida no mercado. Mas... como começou isto? «Sempre gostei de futebol e do cheiro dos relvados. Em criança, em vez de vestir bonecas, fazia roupa para vestir jogadores de futebol. Formei-me em jornalismo e tornei-me apresentadora de um programa desportivo.»

«Um dia recebi uma proposta indecente na televisão e resolvi sair», adianta sem entrar em pormenores. «Como já tinha muitas amizades no meio desportivo e já auxiliava alguns jogadores em negócios, resolvi aproveitar a oportunidade e abrir uma empresa para poder começar a trabalhar.»

A partir daí, acrescenta, «as portas foram-se abrindo para o mercado profissional». «Contado parece que foi tudo lindo e fácil, mas foi árduo. Tive de me dedicar muito e fazer um grande esforço. O principal era quebrar a barreira de ser mulher e cuidar de homens, e ser respeita por fazer isso.»

Hoje Pollyana não se inibe de ser mulher num mundo de homens, de andar na moda, de se cuidar. Um dia espera fazer negócios em Portugal. «Já fiz muitas coisas em parceria, mas é possível que ainda este ano tenha esse privilégio. Seria um prazer... e comemoraria com umas belas férias aí.»