O Portimonense terminou a primeira volta da II Liga na liderança, com quatro pontos de avanço sobre o segundo, antes do dérbi algarvio deste domingo com o Farense. Com duas jornadas por jogar antes do final do ano, ainda não tem garantido o título oficioso de campeão de Inverno, mas dobrou o campeonato na frente. O Maisfutebol procurou explicações para o sucesso do comandante do segundo campeonato nacional e falou com o capitão Ricardo Pessoa, o ponto comum com a equipa que há três anos festejou a subida de divisão e jogou pela última vez na I Liga. Não é o único. Curiosamente, esse grupo de 2009/10 integrava um japonês (Nakamura), tal como o atual, que tem Kanasaki.

Ricardo encontra pontos de contacto entre o grupo que subiu e o desta época. «Se analisarmos as duas equipas encontramos semelhanças, apesar de ser o único jogador que esteve nessa subida, para além do guarda-redes, que agora faz parte da equipa técnica. Para se conseguir subir de divisão é preciso ter um grupo forte e unido.»

«Tínhamos um grupo assim há três anos, e este ano voltámos a ter. Essa é a principal característica desta equipa. Se calhar não temos tantos valores individuais, mas temos um coletivo muito forte. E quando digo isto, não estou a dizer que não temos qualidade individual, até porque temos jovens com muito valor nesta equipa. Mas há semelhanças, sim, principalmente em termos de espírito e humildade. Nesse aspeto, os dois grupos foram e são muito humildes, e com os pés bem assentes no chão», observou.

Mas não quer pensar para já na subida de divisão. «Ainda é um pouco cedo para se falar nisso. Temos o nosso objetivo bem delineado, que é o de garantir a manutenção o mais rápido possível. Mas, obviamente que se na parte final do campeonato tivermos possibilidades de subir, tudo iremos fazer para o conseguir. Mas isto aplica-se não só a nós, mas também a qualquer equipa nessa situação», diz, prudente.

O defesa considera que há outras equipas com mais recursos na luta pela subida. «Olhando para o que falta jogar, e são 21 jornadas, destacaria os que se assumiram, desde o início, como principais candidatos à subida. Com o Moreirense como cabeça de cartaz, seguido pelo Chaves que, apesar de o campeonato não lhe estar a correr bem, reforçou-se para subir, e o Tondela, que fez um investimento muito grande. Vejo-os como os principais candidatos à subida. Não digo que o Portimonense é candidato porque não assumiu isso e porque ainda faltam 21 jornadas. Quando faltarem sete ou oito, se me voltassem a fazer a mesma pergunta, e se nos encontrássemos na mesma posição, a resposta seria outra.»

No domingo, o Portimonense desloca-se a Faro, para o dérbi com o Farense. «Vai ser como em todos os outros jogos. É salutar um dérbi algarvio, isso é positivo para o Algarve, que volta a ter duas equipas no segundo maior escalão do futebol profissional. Vamos lutar para conseguir os três pontos, e esperamos um ambiente fantástico. Mas não será mais do que isso. Vamos respeitar o adversário, que também tem uma excelente equipa, e que também pensa na subida desde o início», antecipa o capitão do Portimonense, sobre um jogo que está a mobilizar as atenções na região.

Nos últimos nove anos, Ricardo Pessoa jogou oito no Portimonense, apenas com o intervalo da passagem pelo Moreirense na época passada, e sempre no top dos jogadores mais utilizados. Aos 31 anos, ele explica assim a regularidade: «É preciso ter um pouco de sorte em relação a lesões. Graças a Deus tenho sido protegido nesse aspeto. O trabalho que faço e a vida que levo também ajudam a que essas situações surjam menos. Trabalhar sério e nos limites e ter uma boa vida - que é aquele trabalho invisível - têm sido importantes.»

«A nível pessoal está a ser das minhas melhores épocas, principalmente em relação a números. Nunca tinha tido uma temporada em que a meio já tivesse tantas assistências e golos. A nível pessoal está a correr bastante bem, e ainda bem, porque isso reflete-se na equipa. Fico feliz, porque com as assistências também consigo ajudar os jogadores mais novos a marcarem», acrescentou o capitão, que, apesar de ser defesa, é o melhor marcador da equipa (três golos na Taça da Liga e cinco no campeonato) e o rei das assistências.

O japonês Kanazaki tem estado em destaque na equipa algarvia. «Não é a primeira vez que temos um japonês. Curiosamente, na última vez que subimos, tínhamos um no plantel. Tem sido uma integração fácil, se calhar torna-se mais difícil para ele, mas neste momento já se encontra integrado no espírito da equipa, e com a sua qualidade tem-nos ajudado bastante», reconhece Ricardo Pessoa.

O capitão do Portimonense também está encantado com os jovens do plantel. «Não gosto de destacar ninguém porque a força desta equipa, o seu elo mais forte, é o coletivo. E, ao estar a referir algum nome, poderia estar a ferir outros colegas. Mas vou abrir uma exceção e vou referir os jovens que temos, de 20 e 21 anos, como são o caso do Rui Correia e do Mica. Não falo como sendo os destaques individuais desta equipa, mas pela progressão que têm tido e pela carreira que ainda têm pela frente. São jovens com valor e que podem chegar longe», destacou.