A aposta de alguns dos melhores atletas exclusivamente nos Jogos Olímpicos Londres2012 torna os Campeonatos da Europa de atletismo, que se disputam em Helsínquia de quarta-feira até domingo, (os primeiros em ano olímpico) um pouco mais acessível para quem decidiu ir antes à Finlândia. Portugal participa na prova com 37 atletas.
Sara Moreira nos 5.000 metros, Dulce Félix nos 10.000 metros, Marco Fortes no peso e Marcos Chuva no comprimento são os atletas nacionais com mais fortes aspirações a medalhas, entre os 37 que foram selecionados.
Dos quatro medalhados de há dois anos, em Barcelona, o marchador João Vieira não tem prova no programa, Naide Gomes está lesionada e Jessica Augusto optou por treinar apenas para a maratona olímpica. Resta Sara Moreira, medalha de bronze nos 5.000 metros de há dois anos e agora forte candidata a novo lugar no pódio.
A «candidatura» de Sara Moreira é tanto mais forte que não irão estar presentes as duas primeiras de Barcelona, as turcas de origem etíope Alemitu Bekele e Elvan Abeylegesse, nem a espanhola Dolores Checa, a única que desceu dos 15 minutos na época passada.
A atleta portuguesa, que tem 14.54,71 minutos como recorde pessoal (precisamente no Europeu de Barcelona2010), detém a melhor marca europeia deste ano (15.08,33), mas logo atrás de si estão as russas Svetlana Kireyeva (15.08,36) e Olga Galovkina (15.11,20) e a ucraniana Lyudmila Kovalenko (15.10,28).
Ana Dulce Félix, apurada para a maratona olímpica, apostará nos 10.000 metros nestes Europeus (recorde pessoal de 31.30,90), prova com apenas 17 concorrentes inscritas, entre as quais três das cinco primeiras da recente Taça da Europa - que Sara Moreira venceu categoricamente, em 31.23,51 -, a britânica Jo Pavey (segunda com 31.32,22), a alemã Sabrina Mockenhaupt (quarta com 31.36,76) e a italiana Nádia Ejjafini (quinta com 31.34,14). Encontrará também a irlandesa Fionnuala Britton, que a derrotou em dezembro no Europeu de corta-mato.
No lançamento do peso, o jovem alemão David Storl, campeão mundial em 2011 e vice-campeão mundial de pista coberta este inverno, com 21,88 metros, parte claramente favorito, tanto mais que irão estar ausentes os dois primeiros do Europeu de 2010, ou seja o bielorusso Andrey Mikhnevich (21,01) e o polaco Tomasz Majewski (21,00).
Mas, depois de Storl, tudo está em aberto. Marco Fortes, sexto no Mundial de 2011, começou muito bem esta época, com um recorde nacional de 21,02. No entanto, ultimamente, não tem chegado aos 20 metros. Se regressar ao seu melhor nível terá boas hipóteses de conseguir uma medalha.
Já Marcos Chuva, inesperado finalista (10.º) no Mundial de 2011 e detentor de um excelente recorde pessoal (8,34) que o coloca entre os melhores, esteve no inverno a contas com uma pubalgia. Chegou aos 8,00 em pista coberta mas ainda não repetiu a marca ao ar livre. O britânico Chris Tomlinson é o detentor da melhor marca deste ano (8,35) mas são vários os candidatos aos três lugares do pódio.
A presença de 37 atletas nesta edição é um recorde se considerarmos apenas as provas que se realizam, sem maratona nem marcha. Este ano, a Federação Portuguesa de Atletismo, adotou os mínimos da Associação Europeia, não os dificultando nas corridas, como fazia habitualmente, o que explica o elevado número de atletas selecionados.