A nova era da Selecção Nacional começou como toda a gente já adivinhava, com uma vitória. Perante a enorme fragilidade do adversário, só interessava saber por quantos golos iria Portugal vencer. Venceu por cinco, o que até é um resultado feliz. Mas isso nem é o que mais interessa. Interessa sobretudo dizer que Queiroz começou bem.
Já tinha começado bem antes, aliás. Logo a partir do momento em que deixou de fora o mal-amado Ricardo, o seleccionador somou pontos. A titularidade de Quim deve ter calado boa parte dos contestatários. Mais do que isso, porém, Carlos Queiroz colocou um esquerdino na esquerda da defesa e deixou Nuno Gomes no banco.
Mesmo que Hugo Almeida tenha desperdiçado uma mão-cheia de golos, é indesmentível que se trata de um ponta-de-lança mais consensual do que Nuno Gomes. O que não significa que seja melhor ou mais concretizador. Apenas é mais consensual. Embora neste tipo de jogos, o posicionamento de Hugo Almeida na área seja precioso.
No meio uma grande diferença
Ora perante isto, a principal alteração de Carlos Queiroz situou-se no meio-campo. O seleccionador abdicou de um médio contenção e lançou-se ao ataque com dois médios ofensivos lado a lado: Deco e Carlos Martins. A mudança pressupõe uma estratégia mais ofensiva e durante a primeira parte funcionou, os dois jogadores entendem-se bem.
Sobra a dúvida sobre se a estratégia será para manter no futuro e sobretudo perante equipas mais fortes. Restam muitas dúvidas, aliás. As Ilhas Feroé, uma selecção com muitos jogadores amadores e que nunca esteve abaixo do lugar 190 do ranking da FIFA (Portugal está em nono, recorde-se), nunca foram um verdadeiro teste às alternativas.
Por isso ficou por perceber, por exemplo, a capacidade de pressão defensiva com Deco e Carlos Martins no meio-campo. Ou a pertinência de Antunes para já ser titular nesta selecção. Certo, certo, para já, é a segurança que Quim já transmite à equipa. O guarda-redes quase não teve trabalho, mas ainda foi a tempo de mostrar trabalho numa situação.
Três golos para completar a festa
Voltando atrás, ao início, é importante dizer que perante uma selecção que defendia com onze homens atrás da linha da bola e que desde o início abdicou de atacar, Portugal teve momentos interessantes na primeira parte. Marcou só um golo, por Carlos Martins, mas jogou pelas faixas, criou jogadas de combinação e colocou muitas bolas na área.
Na segunda parte, Carlos Queiroz efectuou uma série de alterações, lançou Danny (uma estreia), recuperou Manuel Fernandes e ressuscitou Duda (um golo no regresso), o que provocou muitas alterações no futebol. Portugal pareceu ter menos qualidade, mas marcou mais golos. O que se explica sobretudo pela completa quebra das Ilhas Feroé.
Então deu para tudo. Deu, por exemplo, para Simão marcar de cabeça, o que se não for uma estreia, é pelo menos pouco comum. Deu para Duda marcar, deu para Nani marcar, deu para Bruno Alves marcar, enfim, deu para construir uma goleada que abençoa a estreia de Queiroz. Tudo perfeito, portanto, na estreia da nova era da Selecção Nacional.