A figura: Roy Carroll

35 anos e uma noite para não mais esquecer. Não tem propriamente um currículo modesto. Joga no Olympiakos e passou por clubes como Manchester United e West Ham. Continua a demonstrar bons reflexos, mesmo quando os seus defesas parecem ser os principais adversários. Demasiados desvios para a baliza, um deles acabando por levar a bola a embater na trave. Na segunda parte, boas defesas perante os desesperados ataques lusos. Batido apenas por Hélder Postiga, salvou de forma milagrosa o empate, quando Éder já comemorava o golo!

O momento: 20 minutos e 12 segundos:

20 minutos e 12 segundos de jogo. A curiosa espera por uma voz que iniciasse o Grândola Vila Morena. O movimento iniciado nas redes sociais não chegou ao Estádio do Dragão. Aliás, terá chegado, mas faltou a coragem para iniciar a música que serviria de protesto às atuais políticas nacionais. Um silêncio tremendo, apenas quebrado pelos ininterruptos cânticos oriundos da Irlanda do Norte. O futebol clamou mais alto. Era tempo de pensar na seleção e esquecer a crise.

Outros destaques:

O banco da Irlanda do Norte

Não se mexeu. Zero substituições. Incrível.

Cristiano Ronaldo

Noite ingrata para assinalar a sua 100ª internacionalização. Pouco espaço para demonstrar o inegável talento. Apareceu a espaços, reclamou bastante com a má fortuna e mesmo com os companheiros de equipa. Viu Roy Carroll negar-lhe o golo e, mais tarde, não conseguiu afastar a oposição de um defesa da Irlanda do Norte para relançar Portugal na partida. Noite de desacerto generalizado.

Hélder Postiga

Má primeira parte, recuperando a imagem de uma seleção orfã de um ponta-de-lança de qualidade inatacável. Depois, ainda estragou um movimento brilhante com um remate disparatado. É assim Hélder Postiga. Entretanto, faz um ensaio bom, depois outro. A bola pinga na área, ele roda e marca. Mais um golo. Enquanto balançar as redes, continua a abafar as críticas.

Nani

Precisa urgentemente de uma terapia de choque. Péssimo momento, com elevada percentagem de passes falhados e esboços constantes de desespero perante o infortúnio. Ainda assim, combate cada erro com a mesma fórmula, mantém a postura altiva e baila pacientemente à frente dos adversários, esperando pelo regresso da inspiração. Levou alguns adeptos ao desespero na primeira parte. Melhorou na segunda, de forma considerável. Mais ativo, mais certeiro nas ações. Insuficiente, ainda assim.

Pepe

O estilo vistoso convenceu a massa adepta de Portugal, acumulando antecipações de grande nível ao longo do encontro. Procurou empurrar a sua equipa para a frente, com classe. Ainda assim, partilha responsabilidades no golo da Irlanda do Norte. Nem ele nem Bruno Alves fizeram pressão sobre Kyle Lafferty. Fatal.

Éder

Boa entrada em jogo. Amorteceu de cabeça para o golo de Hélder Postiga e chegou a esboçar um festejo para o 2-1, acabando por ver Roy Carroll voar para segurar o empate. Momento incrível. Provou a sua utilidade.

Niall McGinn

Três golos em cinco jogos pelo Aberdeen não chegarão para convencer o adepto português. Contudo, aquela correria, o domínio com o pé esquerdo e a conclusão subtil com o direito obrigam a nova reflexão. Nada de especial? Um golo em Portugal, o seu primeiro com a camisola da seleção, será certamente um marco na carreira de Niall McGinn. Aproveitou o adiantamento regular de João Pereira para provocar alguns embaraços pelo flanco esquerdo. Um deles, fatal.

Kyle Lafferty

O gigante que merecera o alerta de Paulo Bento começou por surpreender pela negativa. Atabalhoado no jogo com os pés, parecia presa fácil para Pepe e Bruno Alves. Os centrais da seleção lusa terão pensado isso mesmo quando Kyle recebeu a bola ao minuto 29. Nenhum deles pressionou o adversário. Este rodou e assistiu McGinn. Golo da Irlanda do Norte. O suficiente para deixar a sua marca na partida.