O empate de Guimarães, com Chipre, insere-se na lista de grandes tropeções da Selecção portuguesa diante de adversários de segunda linha. Recorde os maiores abalos que as selecções pequenas provocaram no futebol português:

Luxemburgo-Portugal, 4-2 (8/10/1961)

Apuramento para o Mundial de 1962


Como era para ser:

Para chegar ao Mundial, Portugal tinha de pontuar com a Inglaterra, em Wembley, no último jogo e, antes, de ganhar no Luxemburgo. Mas isso não seria problema. Goleado por 6-0 em Lisboa, o Luxemburgo nunca tinha pontuado em jogos de qualificação.

Como foi:

Eusébio estreou-se e marcou o primeiro de 41 golos na Selecção. Mas fê-lo aos 83 minutos, quando o Luxemburgo já ganhava por 3-0, graças ao hat-trick de um tal Schmidt que nunca pensou ver-se metido em tais aventuras.

Consequências:

Portugal perdeu em Wembley e o seleccionador Fernando Peyroteo deixou o cargo ao fim de dois jogos. Eusébio, esse, nunca mais parou de marcar.

Grécia-Portugal, 4-2 (11/12/1968)

Apuramento para o Mundial de 1970


Como era para ser:

A Grécia era um parente pobre do futebol europeu e o prestígio dos «magriços» estava relativamente intacto. O Benfica era vice-campeão da Europa. Depois da vitória inaugural sobre a Roménia (3-0), um triunfo em Atenas embalaria Portugal para o segundo Mundial consecutivo.

Como foi:

José Augusto marcou cedo, pondo Portugal na frente. Mas quatro golos em meia hora resultaram numa reviravolta escandalosa. A Selecção entrou em queda livre e não ganhou mais nenhum jogo nessa qualificação.

Consequências:

A Grécia cresceu e especializou-se em dar desgostos aos portugueses. A final de 2004 começou aqui.

Israel-Portugal, 4-1 (28/10/1981)

Apuramento para o Mundial de 1982


Como era para ser:

Após três derrotas sucessivas, a Selecção tinha de golear em Tel Avive para manter uma ténue esperança de qualificação. Israel estreava-se na zona europeia e ainda não tinha ganho qualquer jogo. E em Lisboa tinha perdido por 3-0.

Como foi:

À meia hora, já tinham sido marcados os cinco golos. Um tal de Tabak, avançado do Maccabi Tel Avive, marcou por três vezes. Jordão ainda fez o 1-1, mas a seguir falhou um penalty e a Selecção caiu em depressão profunda.

Consequências:

Adiós España-82!

Marrocos-Portugal, 3-1 (11/6/1986)

Fase final do Mundial 1986


Como era para ser:

Em Saltillo, os problemas já transbordavam, mas a Selecção estava a um ponto do apuramento para os oitavos. O empate até servia aos dois, como os marroquinos foram lembrando antes do jogo. E Marrocos ainda não tinha marcado a ninguém.

Como foi:

Com a lesão de Bento, antes do jogo, a Selecção ficou órfã da última referência. Era já só um grupo de jogadores em guerra aberta com os dirigentes, Silva Resende e Amândio de Carvalho. Dois balázios de Khairi em 25 minutos deixaram Portugal fora de combate.

Consequências:

Os 22 convocados foram suspensos. Muitos não voltariam a jogar pela Selecção. Ruy Seabra (quem?) sucedeu a José Torres como seleccionador. A Selecção andou dez anos para trás, numa altura em que os clubes portugueses se afirmavam na Europa.

Portugal-Malta, 2-2 (29/3/1987)

Apuramento para o Europeu de 1988


Como era para ser:

Mesmo com uma Selecção de segunda linha, Portugal ainda lutava pela qualificação. No Funchal, era obrigatório ganhar a Malta, provavelmente a equipa mais fraca da Europa nesse tempo.

Como foi:

Uma das piores exibições de sempre, de qualquer Selecção portuguesa. Jorge Plácido assinou um bis que de pouco valeu, tal a falta de qualidade da equipa. Nem a estreia de Rui Barros evitou o desastre.

Consequências:

Juca rendeu Ruy Seabra como seleccionador. Os banidos de Saltillo regressaram para o jogo seguinte e Portugal até ganhou na Suécia. Tarde de mais.