O empate de Guimarães, com Chipre, insere-se na lista de grandes tropeções da Selecção portuguesa diante de adversários de segunda linha. Recorde os maiores abalos que as selecções pequenas provocaram no futebol português:

Arménia-Portugal, 0-0 (31/8/1996)

Apuramento para o Mundial-1998


Como era para ser:

Depois de um Euro-96 animador, Artur Jorge assumia o comando para garantir a presença no Mundial-98. Com Alemanha e Ucrânia como concorrentes, era proibido perder pontos na estreia em Erevan.

Como foi:

Em ritmo de pré-temporada, e sem o lesionado Figo, a situação complicou-se com a expulsão de Rui Barros, aos 52 minutos. Mesmo assim Portugal teve uma ocasião de ouro para chegar à vitória. Mas Oceano falhou um penalty no último minuto...

Consequências:

A confiança no seleccionador ficou minada e esboroou-se com uma derrota na Ucrânia. A partir daí, a coisa melhorou. Mas o mal estava feito: au revoir, France. Com uma ajudinha decisiva de Batta. E com o caso Sá Pinto pelo meio.

Liechtenstein-Portugal, 2-2 (9/10/2004)

Apuramento para o Mundial-2006


Como era para ser:

Com duas vitórias no arranque da campanha, a viagem ao Liechtenstein, a quem Portugal tinha ganho sempre por cinco golos ou mais, era um simples aperitivo. A seguir vinha a Rússia, essa sim, um adversário à altura da selecção vice-campeã da Europa.

Como foi:

A ganhar por 2-0 ao intervalo, Scolari poupou Costinha e deu ordem para gerir esforços. Um golo madrugador dos visitados mergulhou a selecção num mar de dúvidas. E o escândalo consumou-se a 14 minutos do fim, com frango à mistura.

Consequências:

Quatro dias depois, com os jogadores de orgulho ferido, Portugal assinou uma exibição de sonho em Alvalade, esmagando a Rússia por inacreditáveis 7-1. A partir daí, foi sempre a abrir até ao Mundial!

Arménia-Portugal, 1-1 (22/8/2007)

Apuramento para o Euro-2008


Como era para ser:

Depois das vitórias sobre a Bélgica era preciso manter o rumo da qualificação desbravado, antes dos jogos a doer, em casa, com a Sérvia e a Polónia. E, de passagem, vingar o desaire de 1996.

Como foi:

Um golo madrugador de Arzumanyan foi anulado por um momento de inspiração de Cristiano Ronaldo. Ainda havia uma hora para jogar, mas a equipa nunca encontrou a tranquilidade. E o tempo foi passando, sem oportunidades para consumar a reviravolta.

Consequências:

O regresso aos tempos da calculadora. A Selecção perdeu confiança, e cedeu mais dois empates nos jogos seguintes, com o murro de Scolari pelo meio. O apuramento só ficou garantido no último dia.

Portugal-Albânia, 0-0 (15/10/2008)

Apuramento para o Mundial-2010


Como era para ser:

No regresso de Cristiano Ronaldo, o ajuste de contas em relação aos golos falhados e à derrota fantasmagórica com a Dinamarca. A oportunidade de tranquilizar o público e embalar para o Mundial, frente a uma equipa mais sólida do que noutros tempos, mas ainda de segunda linha no panorama europeu.

Como foi:

Um calvário de passividade e conformismo durante 75 minutos, só alterado com a entrada tardia de Nuno Gomes. Nem a expulsão de um albanês na primeira parte, ajudou a chegar ao golo.

Consequências:

A relação do público com a equipa nunca mais foi a mesma. E a reacção de Cristiano Ronaldo reforçou as dúvidas quanto ao seu estatuto de capitão.

Portugal-Chipre, 4-4 (3/9/2010)

Apuramento para o Euro-2012


Como era para ser:

Perante um adversário que nunca tinha marcado ou tirado pontos a Portugal, torcia-se por um pequeno oásis, entre toda a turbulência que envolveu a Selecção desde o Mundial.

Como foi:

A maior sucessão de erros defensivos de que há memória nas últimas décadas. A prova de que o talento, sem organização, não chega para ganhar jogos.

Consequências:

Veremos, depois de Oslo.