Há 30 anos, o mundo foi atingido pela pandemia Covid-19. Um vírus fechou-nos em casa, confinou-nos e o futuro ficou incerto. Milhares morreram no mundo. Portugal viveu em estado de emergência. Mas houve sempre esperança. Tivemos de mudar, de improvisar, de fazer diferente. Tivemos de apoiar médicos e enfermeiros ficando, simplesmente, em casa. Tivemos de ser uns para os outros quando nem um abraço podíamos dar. Tivemos de ter fé pelas nossas crianças.

Há imagens históricas desses tempos. Como aquelas dos presidentes de Benfica, FC Porto e Sporting juntos, numa reunião. Um pormenor desses tempos, em que esperámos por uma vacina que finalmente chegou. Agora, em 2050, olhamos para 2020 e percebemos que muitas imagens ficaram na nossa História coletiva. Estas são algumas delas.

Às dez no largo

Estávamos quase todos fechados em casa, mas também precisávamos de nos divertir. Os moradores deste bairro no Porto vieram para as varandas, numa manifestação de convívio social e de cultura. «Às dez no largo» foi um movimento de vizinhos que àquela hora da noite vinham à janela ou à varanda para, juntos, ouvirem e cantarem alguns dos músicos nacionais. As varandas viraram palcos e houve até dança.

O arco-íris das crianças

Fecharam as escolas, fecharam-se as pessoas, mas ficou aberta a esperança pelas pinturas das crianças. O arco-íris surgiu nas janelas e varandas, pintado pelas mãos dos mais novos com a mensagem de que «vai ficar tudo bem». Ficou tudo bem.

As aulas em casa

As escolas fecharam, mas o ensino continuou aberto. Por todo o país foi preciso inovar e recorrer à tecnologia para que professores e alunos pudessem continuar a comunicar. Antes do regresso da telescola, já havia quem continuasse as aulas como foi o caso desta escola de música. Os adultos de hoje recordam que um dia não saíram de casa para ir à escola. Em 2020, isto era mais ou menos assim…

A imagem da exaustão

Não é um vídeo, é uma fotografia. Os profissionais de saúde foram os verdadeiros soldados daquela luta. A pandemia, a covid-19, o maldito vírus não podia vencer. Não venceu. Graças a horas infindáveis de trabalho de médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde. A imagem de Ricardo Tavares, enfermeiro no Hospital Santo António, do Porto, retrata o cansaço de toda essa gente. E a sua dedicação também.

A serenata por Portugal

Não havia futebol, não havia golos para gritar, caramba, nem um minuto desporto ao vivo na TV. A cultura foi o nosso refúgio. Os filmes, as séries, as novelas, os concertos em casa. As pessoas uniram-se em vídeos, tocaram juntas e 140 estudantinos em 24 países criaram a serenata por Portugal, organizada pela estudantina de Coimbra, num dos mosaicos mais bonitos dos tempos de confinamento.

Os mortos de quem não nos pudemos despedir

Apesar de a luta se travar dentro de casa pela maioria da população os tempos foram difíceis. Não nos abraçávamos, nem sequer nos víamos frente a frente. E quando uma pessoa morria, morria sozinha. Sem que nos pudéssemos despedir dela. O editorial de José Alberto Carvalho no Jornal das 8 da TVI foi um relato impressionante da impossibilidade de nos despedirmos de quem partiu. E um alerta de que, naquela altura, ainda não tínhamos vencido.

Amor a Portugal

O exército andou mais vezes na rua do que a normalidade dos tempos. Montou hospitais, oficiais na reserva vestiram fardas de novo e deram preciosa ajuda aos hospitais. Portugal viveu em estado de emergência, mas também os homens e mulheres de farda deram um sinal de esperança, adaptaram uma música de Dulce Pontes e cantaram o «Amor a Portugal».

Os heróis

Fomos muitos, porque todos tiveram uma missão a cumprir. Os que trabalharam nos supermercados, os que trabalharam nas padarias, nas bombas de gasolina, nos restaurantes, os que nos deram informação diária. Mas houve uns que estiveram na linha da frente. E a esses, ainda no início de tudo, os outros bateram palmas. Foram eles que nos cuidaram e por isso receberam aplausos vindos das janelas e varandas de todo o país. Porque foram incansáveis, merecem ouvi-lo de novo. 30 anos depois, um aplauso para todos eles. [P.S- se você é mesmo de 2050, aplauda de novo. Provavelmente, é por causa deles que conseguiu chegar aqui também.]