Cinco jogadores do Sporting, dois do V. Guimarães e outros tantos do Nacional. Um jogador do Gil Vicente, e outro do Rio Ave. Seria este, em resumo, o onze ideal da primeira volta, caso este fosse composto apenas por jogadores portugueses. Os critérios, para além da nacionalidade, são essencialmente dois: os pontos atribuídos pelo Maisfutebol a cada jornada, e o tempo de utilização.

Olhando por setores, percebe-se que há um enorme défice de guarda-redes nacionais na Liga. Dos 27 utilizados, apenas oito são portugueses e, desses, só três são titulares indiscutíveis nas suas equipas: Rui Patrício (Sporting) é a escolha óbvia, até por comandar a defesa menos batida da prova, embora o desempenho de Ricardo (Académica) seja merecedor de grandes elogios, à frente mesmo de Eduardo (Sp. Braga), a viver um campeonato irregular, à imagem da sua equipa.

Na defesa, a percentagem de portugueses é um pouco mais alta: 53 em 114 utilizados.
Cédric (Sporting) e Luís Martins (Gil Vicente) são as escolhas óbvias para as laterais, sendo os defesas portugueses com mais pontos. Mas as novidades mais interessantes surgem no eixo central onde Miguel Rodrigues (20 anos) e Paulo Oliveira (22) completam um quarteto de sub-23 com grande potencial de afirmação e ainda muito espaço para crescer.

Veja o ranking de pontos do Maisfutebol


Ao todo, entre 124 médios utilizados nesta Liga, um pouco mais de metade (63) são de nacionalidade portuguesa. No setor do meio-campo, o domínio do Sporting é incontestável: o trio William Carvalho-Adrien-André Martins domina o ranking absoluto do Maisfutebol. O facto de os três terem menos de 25 anos (William, a revelação da temporada, tem 21) é mais um ponto favorável, embora o bom desempenho nesta primeira volta de jogadores experientes como Bruno Amaro (Arouca), Tarantini (Rio Ave) e André Leão (Paços de Ferreira) deva ser sublinhado.

Na frente, por fim, volta a dificuldade de escolha. Só 46 dos 107 avançados e extremos usados nesta Liga são portugueses. Ukra (Rio Ave) e Candeias (Nacional) são especialistas de corredor que têm confirmado todos os créditos, enquanto a mobilidade de Marco Matias, também a partir da linha, tem dado excelentes resultados no ataque do V. Guimarães (é o melhor marcador da equipa, com cinco golos). Mas se, nas alas, o campo de escolha ainda é vasto, no que se refere ao eixo do ataque, as opções consistentes contam-se pelo dedo de uma mão. As lesões de Éder e a partida de Luís Leal para a Arábia Saudita estreitaram ainda mais um campo de recrutamento que, para já deixa em aberto promessas interessantes como Tomané (V. Guimarães), Paulinho (Gil Vicente) e Bebé (P. Ferreira).


Tendência mantém-se: só 46% de portugueses

A aposta em jogadores portugueses, ou mais precisamente a falta dela, é um tema incontornável da análise à Liga portuguesa. Decorrida a primeira volta do campeonato, uma conclusão salta à vista: o cenário de crise não tem modificado a tendência e, tal como há um ano, menos de metade dos jogadores utilizados pelos 16 clubes da Liga (170 em 372, 46% do total) são elegíveis para a seleção nacional.

O valor é praticamente idêntico ao que se registava há um ano (46,2%) quando, de acordo com um estudo do «Observatório do Futebol» (CIES Football Observatory), a Liga portuguesa era a terceira da Europa com menos jogadores nacionais, apenas superada pelas de Chipre e Inglaterra.

Na edição 2013/14, o Benfica mantém a tendência para ser a equipa que menos aposta no jogador nacional: apenas cinco num total de 26, registo semelhante ao do FC Porto, com cinco em 22. No entanto, considerando o tempo de utilização, os dragões têm três jogadores nacionais no onze base, enquanto o Benfica não tem nenhum entre os 14 com mais minutos.

O Sporting inverteu a tendência dos últimos dois anos, dando um pouco mais e projeção ao jogador nacional (nove em 20 utilizados e, principalmente, seis no onze base). Sporting, V. Guimarães e Estoril, são as únicas equipas da primeira metade da tabela com mais de metade do onze base «made in» Portugal.

Jogadores portugueses utilizados na primeira volta

Benfica: 5 em 26
FC Porto: 5/22
Gil Vicente: 8/21
Nacional: 8/20
Olhanense: 9/26
Sporting: 9/20
Académica: 10/24
Rio Ave: 10/23
Marítimo: 11/26
Estoril: 11/20
V. Guimarães: 12/25
Sp. Braga: 13/25
Arouca: 15/24
V. Setúbal: 15/24
Belenenses: 15/23
P. Ferreira: 17/28

Jogadores portugueses no onze base

Benfica: 0 em 11
FC Porto: 3
Nacional: 3
Rio Ave: 3
Olhanense: 4
Académica: 4
Marítimo: 4
Sp. Braga: 4
Gil Vicente: 5
Sporting: 6
Estoril: 6
V. Guimarães: 7
V. Setúbal: 7
Belenenses: 7
Arouca: 8
P. Ferreira: 10