O Maisfutebol desafiou os jogadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:
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«Mais uma vez, olá a todos.
Neste momento, estou a preparar-me para disputar a final da Taça de Angola com a camisola do Recreativo de Caála. É uma grande honra estar nesse jogo, que se realiza neste domingo frente ao Petro de Luanda.
Este jogo surge depois de uma época cheia de peripécias e controvérsias, tal como foi a viagem para as meias-finais da Taça onde chegamos em cima do apito inicial. E à imagem do que foi a nossa época, conseguimos dar a volta por cima e chegar à merecida final.
Foi um jogo difícil, no terreno de um adversário complicado, o Sagrada Esperança, mas, com a nossa entrega e humildade conseguimos vencer nos penáltis (depois de um empate a uma bola).
Este é um feito histórico para o C.R. Caála, que nunca tinha estado numa final da Taça de Angola, e para a província de Huambo, que há mais de 30 anos que não tinha uma equipa na final a representar a província.
Por isso devem imaginar a satisfação de todo este povo que por si só já é alegre. É um motivo de orgulho muito grande para mim e para todos os meus colegas podermos escrever o nosso nome na história do Clube Recreativo da Caála.
Para perceberem um pouco do que é ser um clube da província ou do centro do país, conto este episódio. No segundo jogo das meias-finais, chegámos ao estádio perto do apito inicial porque o avião para o Dundo (zona dos diamantes, de onde era a equipa adversária) chegou atrasado aqui a Huambo.
Era um voo chater porque não há voos diretos.
Não acaba por aqui a nossa viagem das meias-finais. Como o jogo teve inicio um pouco mais tarde, no final já não podemos regressar a Huambo porque o aeroporto do Dundo e também o de Huambo não têm iluminação e não podem receber voos de noite. Não acabando por aqui. Tivemos que procurar hotel à ultima da hora o que, como devem calcular, não foi tarefa nada fácil. Mas no final o mais importante foi o mesmo resultado.
Ainda para mais, sendo este o meu primeiro ano em Angola, tal como é para alguns colegas de equipa vindos de Portugal, como é o caso do Nuno Rodrigues, do Edson Nobre e o treinador adjunto Carlos Vaz Pinto. Quero referir ainda outros portugueses que já cá estavam como Jorge Vidigal, Mário Silva, Vado Alves, os treinadores Luís Aires (que no entretanto saiu do comando técnico mas também tem um dedo nesta final), Fernando Pereira e o nosso fisioterapeuta Sérgio Mourato.
É com enorme ORGULHO e satisfação que vamos disputar esta final e fazer de tudo para oferecer a Taça a este povo. Para mim é um momento único na carreira. Como diz um amigo meu, poder estar no «Jamor angolano» vai ser uma experiência inesquecível.
As finais são para serem ganhas e estaremos nós no domingo, no Estádio 11 de novembro em Luanda, com uma das equipas mais portuguesas de Angola (se não a mais portuguesa) a disputar este magnífico troféu.
Espero, para a semana, estar aqui a explicar qual é a sensação de erguer a Taça de Angola. Obrigado a todos que nos têm acompanhado e torçam pelo C.R. Caála.
Um abraço,
Mangualde.»