A frieza nórdica levou a melhor sobre o futebol caliente da América do Sul. Num jogo que prometia muito entre as equipas que devem disputar o apuramento no Grupo C com a França, o Peru pareceu sempre mais próximo do golo, mas foram os dinamarqueses os únicos que conseguiram marcar e que saem a sorrir deste jogo de estreia, impondo uma derrota à equipa de Gareca, algo que não acontecia desde novembro de 2016.
Numa partida em que se esperava que as estrelas fossem Eriksen e Guerrero, brilharam Schmeichel e Carrillo, ainda que os protagonistas que ficam inscritos na ficha de jogo sejam Poulsen e Cueva.
Confuso? Não há razão para isso.
Senão, vejamos. A Dinamarca vence o jogo com um golo de Poulsen, o mesmo jogador que, em cima do intervalo, cometeu grande penalidade sobre Cueva - só assinalada pelo VAR. Só que no momento de partir para a bola, o mesmo Cueva pareceu carregar os 36 anos de ausência dos peruanos de um Mundial e rematou muito (muito) por cima da baliza de Schmeichel.
Isto, instantes antes do apito do árbitro para o intervalo. Aí, com as câmaras focadas no camisola 8 do Peru – que até tinha sido um dos melhores nos primeiros 45 minutos - viu-se uma expressão de desolação total, que levou os companheiros a cercarem-no de imediato dando-lhe ânimo.
Poulsen dá lição de frieza a Cueva
A verdade é que os primeiros minutos da segunda parte mostraram um Peru menos intenso e, consequentemente, a Dinamarca a trocar mais a bola, diminuindo o ritmo de jogo para uma toada que lhe interessava mais.
Esse período durou cerca de dez minutos, quando Carrillo começou a pegar na bola e a levar a equipa para a frente. Ele que, apesar de se mostrar num ou noutro lance até então, estava a ter uma exibição intermitente, foi o grande responsável pelo novo abanão que o Peru deu no jogo.
Só que, balanceada para o ataque, a formação sul-americana deu espaço atrás. E quando existe um jogador como Eriksen do outro lado isso pode ser fatal. E foi mesmo. Sisto recuperou uma bola junto à linha lateral ainda no meio-campo defensivo, lançou Eriksen que, com tempo para pensar e espaço para progredir, escolheu o momento certo para soltar para a entrada de Poulsen pela esquerda e este, à saída do guarda-redes peruano colocou-lhe a bola no primeiro poste, estendendo a passadeira para o triunfo dinamarquês.
Carrillo carrega fé peruana mas esbarra em Schmeichel
E se até aí já tinha sido o Peru a mostrar mais querer a vitória, a resposta deu ainda mais força a essa ideia. Com Carrillo em grande destaque na criação de oportunidades de perigo – e já com Guerrero em campo – a equipa de Gareca deixou a defesa dinamarquesa de cabelos em pé várias vezes.
Todos, excepto um: Kasper (cubo de gelo) Schmeichel. O guarda-redes do Leicester defendeu tudo e de todas as formas. Com as mãos, os braços e até os pés, para desespero peruano.
E quando não havia Schmeichel no caminho da bola, os deuses mostraram ser vikings, como quando Guerrero, de calcanhar, quase fez o empate, mas a bola passou ca-pri-cho-sa-men-te a centímetros do poste.
E essa é a imagem que fica deste jogo. Um Peru mais vistoso perante uma Dinamarca mais feliz, que iguala a França no topo do Grupo C, e se coloca em posição privilegiada para seguir para os oitavos de final.