Nem chumbo nem aprovação com distinção… Naquele que foi até ao momento o teste mais difícil desta pré-temporada, o FC Porto mostrou mais personalidade mas os mesmos erros defensivos que têm contagiado a equipa nos últimos tempos.

Contra o Bayer Leverkusen, terceiro classificado da última edição da Bundesliga, os dragões entram melhor em campo e ao contrário dos outros particulares durante o estágio abriram o marcador. Otávio, que surgiu de início sobre a esquerda no lugar habitualmente ocupado por Brahimi, mostrou como pode ser um caso sério se continuar a aliar a habilidade que tem a uma garra invulgar: o brasileiro roubou a bola junto à bandeirola de canto e assistiu André Silva, que isolado marcou pela terceira vez em quatro jogos no estágio.

O FC Porto em vantagem soube resistir num primeiro impacto à reação dos alemães e a espaços mostrou algum pendor ofensivo e capacidade de gerir a bola do meio-campo em diante num sistema inicial de 4-2-3-1.

André Silva quase voltou a marcar aos 29’, quando isolado por Corona tentou o chapéu sobre o guarda-redes Özkan com a bola sair ligeiramente por cima da barra.

Porém, a principal ameaça para os alemães era mesmo Corona, num excelente momento de forma, o que fazia a equipa de Nuno carrilar boa parte do seu jogo ofensivo pelo flanco direito. E depois houve ainda Bueno, que voltou a ser titular depois da operação ao joelho esquerdo em março, e mostrou em pormenores que tem qualidade para jogar atrás do ponta-de-lança.

FILME DO JOGO

No segundo tempo, os dragões voltaram com oito alterações e a intensidade de jogo caiu a pique. A grande novidade foi a estreia na pré-temporada de Adrián López, que há menos de uma semana treinava com a equipa B. Os centrais e Layún, que com a entrada de Telles e saída de Otávio passou a jogar como ala, mantiveram-se até à segunda leva de substituições (com as entradas de Aboubakar, Chidozie e Reyes aos 63’).

No entanto, ainda antes da alteração o eixo da defesa voltou a estar em evidência pela negativa, tal como já aconteceu em tantos outros jogos na temporada passada e já nesta pré-época. E assim Volland teve tempo e espaço para à entrada da área combinar com Chicharito Hernández, que isolado na cara de José Sá fez o empate.

Daí em diante, na última meia-hora, o jogo foi caindo de ritmo e tanto FC Porto como a equipa alemã foram deixando os minutos correr. Nem contra a equipa da Bayer as dores de cabeça defensivas se desvanecem. Esse é o principal problema para Nuno Espírito Santo, a quem falta ainda uma boa alternativa a André Silva no eixo do ataque. Aboubakar voltou hoje a não convencer e até Adrián foi testado sem grande sucesso na posição.

Estes dois não têm grandes perspetivas de serem primeiras opções no plantel portista. Porém, há casos aparentemente bem mais definitivos no que a saídas diz respeito. Basta ver quem hoje nem sequer saiu do banco neste jogo: Martins Indi, Josué, Quintero e Hernâni parecem descartados em definitivo.

Este estágio que agora termina – hoje a comitiva regressa a Portugal e amanhã é dia de folga – ajudou o técnico portista a dissipar algumas dúvidas e a perceber, se é que ainda tinha dúvidas, que o principal risco de uma equipa que está a crescer continua a ser a inacreditável passividade e insegurança defensiva. Foi por aí que no ano passado começaram a ruir as fundações da esperança portista numa boa época. A duas semanas do arranque da Liga e a menos de três semanas de a equipa disputar uma eliminatória que vale 12 milhões de euros e o acesso à Liga dos Campeões esse é o alarme que soa na cabeça dos adeptos. Até ver, ainda não há Aspirina que ponha cobro a esta dor de cabeça.