«McGregor vai morrer contra Mayweather.» A previsão foi lançada pela lenda do boxe Mike Tyson em meados de julho no programa «Pardon My Take», da Barstool Sports.

O antigo campeão do mundo de pesos pesados justificou por que razão o lutador irlandês não terá quaisquer hipóteses contra o norte-americano neste sábado na T-Mobile Arena em Las Vegas (madrugada de domingo em Portugal). «Sinto-me mal porque pensava se iam misturas as regras das artes marciais com as do boxe. Mas o McGregor pôs o rabo de uma maneira em que o vão pontapear. Ele faz MMA desde a infância, mas durante a luta não pode pontapear ou agarrar o adversário. Não creio que tenha muitas hipóteses.»

Não é só Mike Tyson que aposta numa vitória arrasadora de Floyd Mayweather no combate contra o lutador mais conceituado da UFC. Outros especialistas e casas de apostas fazem pender a balança para o homem que interrompeu a reforma para engordar ainda mais a conta bancária.

Mas Conor McGregor, que há meia-dúzia de anos lutava de forma amadora e contava trocos para sobreviver, tem outra opinião. «Vai ficar inconsciente em quatro assaltos. Ele nunca enfrentou isto. Não tenho medo dele. Todas estas regras e restrições não me perturbam: divertem-me. Só preciso de um protetor bocal», atirou em julho num evento de promoção do combate, em Los Angeles.

Mayweather e McGregor estiveram cara a cara em los Angeles, Toronto, Nova Iorque e em Londres. Tudo faz parte da estratégia de promoção de um combate que não vai ficar-se apenas pelas quatro paredes da T-Mobile Arena, recinto com capacidade para cerca de 20 mil espetadores. Perante multidões, mostraram pouco respeito um pelo outro, trocaram ofensas e destilaram confiança. «Posso não ser o mesmo de há uns anos, mas tenho o suficiente para te ganhar. Vais acenar com a bandeira branca», disparou o norte-americano.

Neste fim de semana, milhões de pessoas espalhadas pelo mundo vão assistir àquele que deverá tornar-se no combate mais lucrativo da história do boxe: entre aquele que é muito provavelmente o melhor da história na sua categoria e um homem que aos 29 anos vai estrear-se profissionalmente numa luta sob estas regras.

Não é claro quanto cada um vai arrecadar pela luta que terá um máximo de 12 assaltos de três minutos cada. O acordo de confidencialidade assinado por Mayweather e McGregor impede a divulgação de valores, mas os números apontam para um bolo mínimo de 300 milhões de dólares (mais de 250 milhões de euros), com o norte-americano a encaixar mais de 2/3 dessa fatia: 230 milhões de dólares contra 70 milhões do irlandês, que irá triplicar o valor de ganhos ao longo da carreira.

Termo de comparação: lembra-se (ou já ouviu falar) do «combate do século» entre Joe Frazier e Muhammad Ali em 1971, um dos mais mediáticos da história? Cada um arrecadou à data 2,5 milhões de dólares, entre 15 e 20 milhões nos dias de hoje. Mayweather vai ganhar mais do que isso só em marcas presentes no equipamento que vai vestir.

Há quem diga que as previsões de receitas totais poderão mesmo superar os 600 milhões de dólares alcançados no duelo entre Mayweather e Pacquiao há dois anos: aqui incluem-se preços de ingressos, apostas, conteúdos pay-per-view e patrocínios.

É, naturalmente, por causa de dinheiro que Mayweather e McGregor aceitaram defrontar-se simular um clima de tensão máxima que, sabem, lhes trará ainda mais dinheiro. Se parece mais ou menos pacífico que o pugilista invicto é apontado por especialistas na matéria como vencedor mais do que provável, o lutador de 29 anos reúne as preferências do grande público numa altura em que o interesse global pelas artes marciais mistas está em franco crescimento.

Bob Bennett, presidente da Comissão Atlética do Nevada, entidade responsável pela aprovação do combate, espera um combate disputado. Considera que, ainda que não esteja na sua praia, McGregor tem condições para tornar difícil a vida a Floyd Mayweather. «É mais alto, maior, mais forte e mais poderoso. E é 12 anos mais novo do que Floyd», disse.

Associação norte-americana de médicos de ringue desaconselhou a realização do combate por entender não estarem reunidas condições para uma luta segura

Mas será mesmo? McGregor pode ser mais agressivo, mas Mayweather sustentou uma carreira de 20 anos no trabalho defensivo. Dos 49 combates realizados, quase metade (23) não terminaram por KO e os sete últimos foram resolvidos por pontos. Pode não bater com a mesma força de alguns adversários, mas é um estratega: esgueira-se com eficácia aos ataques, bate mais vezes e deixa mais mossa.

Na opinião sempre suspeita do pai do norte-americano, também ele um antigo pugilista de relativo sucesso e mentor do filho, não há dúvidas sobre quem sairá do ringue de braços erguidos. «Se ele acha que o Floyd está velho e não tem mais nada para mostrar, vai ver o que lhe acontece. O meu filho vai rebentá-lo no sábado e eu serei o próximo», disparou ao New York Post.

Domingo, a partir da 4 da manhã (hora de Portugal continental) ver-se-á o que acontece num dos combates mais aguardados de sempre e que, caso a lógica impere, ameaça ficar na história como um flop.