Está aí o Open da Austrália, o que vem provar que os australianos não produzem apenas cangurus, Hugh Jackmans ou Nicole Kidmans, ok mates?

Também têm um Grand Slam de ténis, por sinal o primeiro do ano, jogado lá nos confins do mundo.

E porque naquelas bandas ainda é verão e os australianos adoram churrascos, também o torneio segue essa tradição, com jogos realizados sob um sol tórrido de queimar a pele. Quando o árbitro diz «30-40» nunca se sabe se está a dizer o resultado, ou a mínima e a máxima da temperatura.

Seja como for, não tenho pena nenhuma dos jogadores pois sabem ao que vão, e quem corre por gosto não cansa. Por isso toca a dar o litro, rapaziada. Os jogos só acabam quando alguém ganhar três sets ou tiver uma taquicardia.

Este torneio também marca, de certa forma, o início da época tenística. É a partir daqui que os jogadores afinam o seu jogo, em particular um dos factores mais importantes do ténis atual: os gemidos.

Nada é mais eficaz do que um serviço feito com aquele gemido que não é carne nem é peixe, tipo «AaaaaaaaAAaaaaaaaaaa....»  Começa lá em cima, vai lá abaixo, volta novamente lá acima, e termina com um longo vibrar da traqueia. Será desespero? Será garra? Será um grito de acasalamento? Será clamídia? É uma dúvida angustiante para o adversário.

Mas se de gemidos percebo muito, a jogar ténis sou mais fraquinho.

Para terem uma noção do meu nível, eu estou para o ténis como a Maria Leal está para a música.

Em termos práticos, a minha pancada mais forte sempre foi partir raquetes no chão. Era poderosíssimo. E confesso que durante grande parte da adolescência achei que um passing shot era uma bebida. A única coisa em que tinha algum jeito no ténis, era a apertar os atacadores dos ténis. Em tudo o resto tinha o talento de um canalizador.

Vai daí, pus termo à minha trágica carreira o quanto antes, algo que o mundo do ténis aplaudiu com veemência.

É um desporto curioso, o ténis. É a única modalidade em que tanto os jogadores como o público têm cãibras: os jogadores nas pernas, o público no pescoço.

Quanto ao Open da Austrália, tem tudo para ser um excelente torneio; Estão presentes os melhores jogadores da atualidade e há muitos nomes que podem ganhar a prova, como por exemplo o Federer, o Nadal, o Djokovic, o Nadal, o Federer, o Djokovic, o Federer, o Djokovic ou o Nadal. É esta imprevisibilidade que torna o ténis apaixonante.

Claro que se fosse eu a escolher, o vencedor masculino seria a Serena Williams. A ganhar, que ganhe um homem musculado e com voz grossa.

«Pulga maldita» é um espaço de escrita criativa de Pedro Sepúlveda, copywritter da TVI, que escreve aqui às quartas-feiras de quinze em quinze dias. Siga o trabalho dele no Facebook