A Associação das Ligas Profissionais de Futebol da Europa (EPFL) apelou esta terça-feira à FIFA para que ouça os seus argumentos antes de decidir eventuais alterações ao calendário futebolístico por causa do Mundial do Qatar de 2022, um dia depois de Joseph Blatter ter assumido que «foi um erro» atribuir a organização àquele país quando «é impossível jogar ali no verão», com as altas temperaturas que se fazem sentir entre os meses de junho e julho.

«A viabilidade de qualquer mudança do calendário envolve todos os aspetos da organização do futebol em todos os países, desde as raízes da relva aos grandes torneios de seleções e às ligas. A mera sugestão de agendar o Campeonato do Mundo para outra altura que não a tradicional é uma questão crucial para as Ligas Europeias, tendo em conta o impacto na organização dos campeonatos nacionais por toda a Europa e do calendário futebolístico internacional em todo o Mundo», considerou hoje em comunicado a EPFL - que representa as ligas profissionais de futebol na Europa, as mais ricas e poderosas do mundo, incluindo a espanhola, a inglesa, a italiana, a alemã, a francesa e a portuguesa (representada pelo F.C. Porto).

O presidente da FIFA também disse na segunda-feira que espera que a Comissão Executiva da FIFA aprove a proposta de uma mudança de calendário do futebol internacional, em resposta às críticas sobre as condições meteorológicas (temperatura e humidade) do Qatar em junho/julho.

Assim, e em antecipação a este encontro dos órgãos da FIFA, a EPFL considera que «a Comissão Executiva de 3 e 4 de outubro não deve tomar qualquer decisão precipitada». A entidade considera que qualquer mudança do calendário deve ser precedida de uma consulta a todos os decisores, partes interessadas e acionistas do futebol, incluindo «nomeadamente a EPFL». Por outro lado, sublinha que «uma decisão tão importante não pode ser apressada» nem ter «prazos artificiais», uma vez que faltam nove anos para o Mundial do Qatar.

A EPFL também apela a que se estudem os efeitos de uma alteração aos calendários tradicionais, nomeadamente o impacto na organização dos jogos de qualificação e de outros torneios da FIFA, noutros eventos desportivos como os Jogos Olímpicos de Inverno, o tempo de preparação das seleções ou o impacto na vida dos clubes.

Os representantes das principais ligas consideram ainda que nenhuma decisão sobre recalendarização poderá ser tomada sem estudar e levar em conta «as consequências legais, mediáticas e comerciais» dessa alteração, incluindo por exemplo «o impacto no sistema do mercado de transferências» e na empregabilidade dos jogadores profissionais.

Por isso mesmo, e sublinhando a «complexidade e seriedade» do tema, a EPFL reitera o apelo à FIFA para que não tome qualquer decisão sobre alterações ao calendário do futebol sem «um processo apropriado de consulta» que inclua todas as partes interessadas no futebol, incluindo a própria associação.