Bolas que entram e não contam, outras que não entram mas valem. Agressões que passam impunes, golos com a mão e até três cartões amarelos para o mesmo jogador. A história dos campeonatos do mundo de futebol é pródiga em situações em que o árbitro assume o protagonismo e o lance com Frank Lampard, decidido por Jorge Larrionda, é apenas mais um.

E nem sequer é virgem. À memória vem logo o golo de Geoff Hurst na final do Mundial de 66, precisamente num Inglaterra-Alemanha. Mas o lance mais parecido com o de Lampard é mesmo o golo do espanhol Michel frente ao Brasil, no México 86, o mesmo em que Maradona deu a conhecer a «Mão de Deus». A bola beijou a barra, ultrapassou a linha de golo e saiu. O árbitro mandou jogar e o Brasil venceu 1-0.



No Espanha 82, a França viu-se envolvida em polémica por duas vezes, sem culpas no cartório. No jogo com o Kuwait, com o resultado em 3-1, os franceses fazem o quarto golo e o rival pede fora-de-jogo, que não existia. O árbitro, bem, validou o golo, o que levou os jogadores do Kuwait a pretenderem abandonar o relvado. O sheik Fahad al Sabah, irmão do presidente, entrou em campo, alegadamente para sugerir a retirada da equipa, embora o próprio tenha garantido que queria segurá-los em campo. Verdade ou mentira, o que contou foi que o árbitro acabou por reverter a decisão e, assim, anular um golo limpo à França.

Nas meias-finais a França, que na altura empatava 1-1 com a RFA, viria a perder Battiston, que acabara de entrar no jogo, vítima de uma entrada assassina do guarda-redes Schumacher, que lhe causou comoção cerebral e rotura de uma vértebra. O árbitro não assinalou penalty, nem expulsou o guarda-redes.



Lance semelhante ocorreu no EUA 94, com o italiano Tassotti a agredir o espanhol Luís Enrique com uma cotovelada. O árbitro nada assinalou e o defesa apenas foi castigado mais tarde.

Mais recentemente, o Mundial 2002 ficou marcado pelos erros em benefício da equipa sul-coreana. Nos «oitavos», Byron Moreno, árbitro equatoriano, anulou um «golo de ouro» limpo ao italiano Tommasi. Na ronda seguinte, o egípcio Gandhour iria anular dois golos à Espanha.



Por fim, o último Mundial ficou marcado pelo Austrália-Croácia, em que só ao terceiro amarelo o inglês Graham Poll expulsou Simunic.